Nacional Titulo
CPI estranha falta de apreensao de droga em Santos
Do Diário do Grande ABC
04/05/2000 | 17:28
Compartilhar notícia


Os membros de uma subcomissao da Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico da Assembléia Legislativa de Sao Paulo estao intrigados por nao haver apreensao de drogas no Porto de Santos (SP), o maior da América Latina, apesar de o lugar ser apontado como rota do tráfico internacional.

Nesta quinta-feira, eles estiveram na cidade para conhecer os mecanismos de liberaçao de cargas e preparar a sessao da CPI prevista para o dia 12, quando serao ouvidos políticos, empresários, policiais e traficantes que estao sendo investigados por supostas ligaçoes com o tráfico. O deputado Wilson Morais (PSDB), mais conhecido como "Cabo Wilson", informou que a polícia santista abriu um inquérito em sigilo de Justiça apontando como suspeito um empresário que movimentaria 400 quilos de cocaína, mensalmente, na Baixada Santista.

"O nome nao pode ser revelado, mas a expectativa é grande, pois essa investigaçao pode levar ao desbaratamento de uma importante quadrilha de narcotraficantes." "Os procuradores federais que trabalham em outros portos dizem que é comum a apreensao de drogas e só no Porto de Santos nao há esse tipo de apreensao", disse o deputado Conte Lopes (PPB), membro da comissao.

Segundo ele, isso é decorrente da falta de uma fiscalizaçao efetiva. "Só 3% da carga é fiscalizada, o que equivale a dizer que há uma chance de 97% de um carregamento de droga passar livre pelos fiscais."

Pela manha, os membros da CPI estiveram na Alfândega para uma rápida reuniao com a inspetora Diva Alves Kodama e, depois, conheceram os procedimentos de liberaçao de mercadorias no porto. Verificaram como é feita a abertura dos contêineres e o trabalho dos fiscais. "Apenas entre 3% a 5% dos contêineres passam pela operaçao pente-fino e, assim, só com muita sorte a droga vai ser encontrada", disse "Cabo Wilson". Ele conversou com uma fiscal que atua há 20 anos no porto e que nunca viu apreensao de droga.

"Cabo Wilson" reconhece que nao é funçao da Alfândega procurar droga. "A fiscalizaçao preocupa-se mais com a documentaçao e a questao tributária", disse, afirmando que a Polícia Federal (PF) deveria manter uma equipe, com caes farejadores, atuando para impedir a movimentaçao de droga no cais. Ele retornou esta semana da França, onde se encontrou as autoridades do combate ao narcotráfico. "Eles possuem um mapa da rota da droga pelo mundo e apontam Santos como um dos principais pontos", revelou. "Isso se deve justamente à falta e à dificuldade de fiscalizaçao, pois, em cada cem contêineres movimentados, apenas três sao abertos." Em 1999, 547 mil contêineres foram manobrados em Santos, numa média diária de 1.500.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;