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Testemunha muda depoimento e processo é reaberto
Do Diário do Grande ABC
12/07/1999 | 18:15
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O ex-menino de rua Rodrigo Andrade, 18 anos, sobrevivente de uma chacina na capital mineira, muda versao sobre o crime e pode tirar da prisao o ex-policial Eduardo Salgado, condenado a 54 anos pelo assassinato de três adolescentes. Dizendo nao querer carregar na consciência a prisao de um inocente, em novo depoimento em Contagem, Andrade afirmou ter mentido em 1996, sob coaçao. A declaraçao de Andrade foi registrada em 21 de junho e o caso reaberto.

O advogado de defesa do ex-policial, Kleber Guimaraes, entrou com recurso no Tribunal de Justiça contra a condenaçao. O julgamento do recurso foi marcado para a primeira sessao após as férias forenses, em 3 de agosto.

Em 14 de março de 1996 três meninos foram seqüestrados no centro de Belo Horizonte e levados algemados para o bairro Taquaril, onde foram mortos com tiros na cabeça. Os responsáveis pelo crime telefonaram para a redaçao de um jornal da cidade informando que as execuçoes eram um protesto contra a política de segurança pública do entao governador Eduardo Azeredo (PSDB).

De acordo com investigaçoes da polícia, o crime teria sido encomendado por comerciantes do centro, onde os menores cometiam pequenos furtos. Na época, um grupo de policiais vendia segurança aos comerciantes da regiao. Salgado, conhecido como Dom Ratao, foi indiciado, apesar de as investigaçoes nunca terem apontar seus supostos companheiros de crime.

No novo depoimento o ex-menino de rua afirma que em momento algum pôde ver o ex-policial participando do seqüestro dos colegas e que todos seus depoimentos anteriores foram sob ameaça, quando estava à disposiçao do Juizado da Infância e da Juventude. Com medo de represálias, o rapaz diz que quer apenas livrar um inocente da cadeia - um homem que ele nunca havia visto antes -, mas de modo algum dirá quem matou os meninos.

O ex-policial Salgado cumpre pena na Casa de Detençao Dutra Ladeira, em Ribeirao das Neves, regiao metropolitana de Belo Horizonte. Durante o processo, ele reconheceu ter participado de extorsao a batedores de carteira do centro da cidade, mas negou qualquer envolvimento com a execuçao dos menores.




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