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Tecnologia melhora vacina de febre amarela
Do Diário do Grande ABC
21/04/1999 | 14:48
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A parceria científica entre um especialista em biologia molecular e um especialista em cultura de tecidos deverá baratear o processo de fabricaçao da vacina contra febre amarela, quintuplicar a capacidade de produçao e reduzir as possibilidades de alergia à vacina. Os parceiros na pesquisa de um novo processo de fabricaçao e na produçao de outros tipos de vírus atenuantes sao Ricardo Galler, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), e Marcos Freire, de Bio-Manguinhos duas unidades da Fundaçao Oswaldo Cruz - Fiocruz - (http://www.fiocruz.br). Eles já requereram patentes de suas novas tecnologias no Brasil, Estados Unidos e Europa e já obtiveram a patente na Africa do Sul, no início deste ano.

Desde a década de 30, o método usado na fabricaçao da vacina contra febre amarela envolve a inoculaçao de vírus atenuantes em embrioes de galinha, ainda dentro dos ovos. "Começamos a trabalhar no melhoramento deste método na década de 80 e agora chegamos à inoculaçao dos mesmos vírus atenuados em culturas de fibroblastos de embriao de galinha", conta Freire. Ou seja, ao invés de utilizar os ovos embrionados inteiros, eles passaram a usar apenas células dos tecidos fibrosos dos embrioes, multiplicando por 5, pelo menos, a capacidade de produçao.

"Com este processo reduzimos também a quantidade de proteínas de galinha presentes na vacina, diminuindo, consequentemente, as possibilidades de reaçao alérgica a estas proteínas", continua Freire. As vacinas assim produzidas - ainda utilizando os vírus atenuantes tradicionais - estao em fase de testes com primatas e deverao passar aos testes clínicos com seres humanos, até 2001. Se tudo correr bem, as novas vacinas começarao a ser produzidas em série em 2002.

O mesmo processo melhorado, de produçao em cultura de tecidos, também está sendo utilizado com vírus modificado por DNA clonado, uma forma de produzir imunizante geneticamente mais homogêneo. "Esta abordagem permite o uso do vírus da febre amarela vacinal também para outros antígenos de interesse, como os da dengue ou da malária", explica Ricardo Galler. A pesquisa com os novos vírus modificados também está em fase de testes em primatas e tem, no mínimo, mais três anos antes dos testes clínicos, em seres humanos.

Participam diretamente das pesquisas cinco outros especialistas da equipe de Galler e mais dois da equipe de Freire, além da colaboraçao das unidades de produçao de vacinas, controle de quantidade e experimentaçao animal da Fiocruz. Os pesquisadores contam com recursos da própria fundaçao e da organizaçao Mundial da Saúde, que investe cerca de US$ 45 mil anuais no trabalho.




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