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Quito, uma cidade a 2.830 m rodeada de vulcões
Regiane Soares
Enviada pelo Diário ao Equador
28/07/2004 | 17:39
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Da pequena janela do avião já se pode contemplar a rara topografia de uma cidade erguida 2.830 metros acima do nível do mar, no meio da Cordilheira dos Andes. Apenas lá de cima é possível ver Quito rodeada de vulcões ainda em atividade. As montanhas em diversos tons de verde são como uma muralha a proteger as riquezas da capital do Equador, como a saborosa culinária, a rica cultura indígena, a herança espanhola quase intacta e o clima incomum. Quem se rende aos encantos quitenhos vai se surpreender quando chegar no meio do mundo.

Uma caminhada pelo Centro Histórico é uma boa opção para começar a conhecer Quito. A arquitetura revela a importância da cidade para os espanhóis, que a dominaram durante séculos. São igrejas, monastérios e casarões que desde 2002 estão sendo restaurados. Alguns deles hoje abrigam bares, galerias de arte ou hotéis. Uma forma de atrair não só turistas mas os próprios quitenhos para contemplar as belezas da cidade, declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1978.

As pedras que cobrem as ruas estreitas foram preservadas, e resistiram ao desenvolvimento. A limpeza e a segurança pública também impressionam. Portanto, não deixe de repetir o passeio à noite, quando luzes coloridas iluminam os principais pontos turísticos, como as cúpulas da catedral ou a fachada do teatro Sucre, o principal da cidade.

Entre as irreverências do Centro de Quito está a rua das Sete Cruzes. Em menos de 500 metros de comprimento, a rua abriga sete igrejas com sete cruzes na frente. Uma tradição da época em que foram construídas, a maioria no século XII. Não deixe de conhecer a praça da Independência, onde está a sede do governo do Equador. Aos domingos, apresentações artísticas e manifestações políticas tornam o local especial. Termine o passeio na igreja de São Francisco de Quito, onde a cidade começou. Hoje, abaixo do átrio central existe uma loja de artesanato com diferentes artigos e um café. Mas peça um chá. O café no Equador é simplesmente horrível.

Cotopaxi – Conhecer o maior vulcão em atividade no mundo é uma aventura incomparável. Com mais de 6 mil metros de altura, a imponência do Cotopaxi, situado dentro do parque nacional de mesmo nome, impressiona até mesmo os turistas acostumados com esse espetáculo da natureza. São apenas 78 km de Quito, pela avenida dos Vulcões, mas a melhor maneira de chegar ao Cotopaxi é a mais lenta, quase três horas. Parece até um ônibus sobre trilhos, mas na verdade é um vagão de trem. Os mais corajosos, suportam o vento gelado e vão na parte superior, contemplando a paisagem: plantações de milho, banana e batata, a base da culinária equatoriana. Até uma feira se abre para a composição passar. A troca de olhares entre nativos e turistas apresenta as diferenças, mas revela a latinidade presente em todos nós.

Na estação de Machachi, a única parada, se aqueça com uma xícara de canelazo, bebida parecida com o quentão. A viagem de trem segue até Santa Rosa. De lá, apenas de carro ou bicicleta. Em paradas estratégicas pode-se ver a vegetação típica e sentir a temperatura baixa, o vento gelado e o ar cada vez mais rarefeito, o que faz de uma pequena caminhada uma maratona. Em uma das estações, há um museu com as raridades da fauna e flora locais, além de relatos históricos da força do Cotopaxi, que já teve mais de 20 erupções. A primeira ocorreu em 1534 e a mais devastadora, em 1877, quando destruiu Lacatunga. A última foi em 1974.

Aos poucos, o Cotopaxi se revela na estrada sinuosa. De repente, ele aparece depois de uma curva. Às vezes tímido, é verdade. Mas imponente. Turistas só podem chegar até a base, que fica a 4 mil metros de altura. De lá, o percurso deve ser feito a pé, mas é recomendado apenas a alpinistas com equipamento adequado.

Na volta, pare em um dos restaurantes que ficam na estrada e aprecie um dos pratos típicos do Equador, o locro, cuja receita original vem dos índios. O prato é simples: um creme de batatas com queijo e pedaços de abacate. Saboreie com calma contemplando mais uma vez o Cotopaxi.

A jornalista viajou a convite da Taca e da rede Hilton de hotéis




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