Vítima de complicaçoes decorrentes de uma cirurgia cardíaca, Odair Hoyera Bossolani, de 55 anos, faleceu às duas da madrugada desta quinta-feira em um hospital de Sorocaba, interior de Sao Paulo. A família do morto foi a primeira a beneficiar-se de uma singular promoçao realizada pela funerária Ossel para comemorar seus 12 anos de existência. Os parentes de Bossolani puderam escolher o caixao - uma urna de luxo, e nao tiveram qualquer trabalho ou despesa com o funeral. Até uma coroa de flores foi providenciada pela empresa. "É um conforto a mais que a gente recebe numa hora difícil como esta" disse a professora Fernanda Russo Hoyera, de 22 anos, filha única do falecido.

Os enterros gratuitos marcam o aniversário da funerária e vêm sendo realizados desde que a Ossel completou o primeiro ano de mercado. A empresa só se estabeleceu depois de conseguir romper um monopólio de mais de 20 anos do serviço funerário da cidade. Atualmente, é a maior funerária da regiao e tem cerca de 80 mil famílias associadas. "Depois de enfrentar tantos obstáculos, achamos que valeria a pena marcar nossa presença na cidade com essas promoçoes", disse o diretor Arany Marchetti. A intençao, segundo ele, foi também a de romper com o conceito de que funeral precisa ser feito em clima de absoluta tristeza.

Os três velórios da Ossel em Sorocaba têm aquários de peixes, plantas e salas de repouso, onde as pessoas podem relaxar e até cochilar enquanto guardam o morto. As salas sao dotadas de música ambiente e há serviço de chá e café. "Procuramos aliviar a tensao normal dessas horas", disse o diretor.

Gratuito - Até a tarde desta quinta-feira, nove pessoas já haviam se beneficiado dos enterros gratuitos. A expectativa era de que os 12 sepultamentos se completassem até o começo da noite. Mas o diretor decidiu estender a promoçao a todos os falecimentos que ocorressem até a meia-noite. A família de um dos falecidos optou por uma urna identificada com o distintivo do seu time, o Corinthians. Nao aparecera, no entanto, candidatos para a urna de casal, o último lançamento da Ossel. Trata-se de um caixao duplo para velar marido e mulher mortos simultaneamente.

"É uma criaçao nossa para aquelas pessoas que nao querem separar-se nem na morte", disse Marchetti. Na cidade, a promoçao da funerária diverte os moradores. "Dizem que, de graça, até injeçao na testa, mas está aí um presente que eu dispenso", disse a estudante Rita de Cássia Sanginetto, de 21 anos. A aposentada Terezinha Adorno Pelizoni, de 66, ao contrário, torce para sua hora chegar em dia de promoçao. "Claro que prefiro um enterro gratuito". Acostumada a comparecer a velórios, ela até fez questao de entrar numa urna para testar o conforto. "É muito aconchegante", disse.