O primeiro-ministro palestino, Ahmed Qorei, enfrentava nesta quarta-feira um Parlamento hostil, onde seus detratores pareciam determinados a eliminá-lo politicamente, recusando-se a conceder um voto de confiança em seu gabinete renovado. Contudo, o Fatah resolveu chegar a um acordo sobre a constituição de um novo Gabinete, que será votada nesta quinta-feira.

O presidente do CLP, Rawhi Fattuh, deu inclusive a entender que o voto de investidura do gabinete renovado de Qorei poderia acontecer somente no sábado. "O irmão Abu Alaa (Ahmed Qorei) apresentará o governo que está formando ao CLP amanhã ou sábado", declarou Fattuh.

Qorei foi obrigado a renovar radicalmente seu governo depois da rejeição de sua primeira proposta, na segunda-feira, pelo CLP. Os deputados, inclusive os do Fatah, consideraram que o gabinete apresentado não seria capaz de aplicar reformas, e exigiram mudanças radicais.

Depois deste revés, o premiê palestino formou um "gabinete de tecnocratas" com apenas dois deputados do Parlamento contra 15 na configuração inicial, mas ele ainda encontrava dificuldades nesta quarta-feira para convencer os deputados do Fatah a avalizá-lo.

Ante a persistência das divergências, os líderes do Fatah decidiram nesta quarta-feira que o novo governo não incluirá nenhum deputado, o que significa que Nabil Chaath, o atual ministro das Relações Exteriores nomeado para os cargos de vice-primeiro-ministro e ministro da Informação, e Saeb Erakat, o ministro encarregado das negociações com Israel que deveriam ser mantidos no novo gabinete, terão de se retirar.

Antes da tomada desta decisão, Erakat anunciou que havia rejeitado a oferta de integrar o novo governo. "Declinei da proposta, pois sou deputado e este governo não deve incluir deputados. Não pode haver exceções", sentenciou.

O general Nasr Yussef foi aprovado para o cargo de ministro do Interior, e Nasser al-Qidwa para o de ministro das Relações Exteriores. Segundo as mesmas fontes, Mohammad Dahlan, homem forte da Faixa de Gaza, seria titular da pasta de Assuntos Civis no novo gabinete.

Será mantido o atual ministro das Finanças, Salam Fayad, cujos esforços para tornar mais transparentes as finanças de uma ANP (Autoridade Nacional Palestina) corroída pela corrupção foram elogiados no exterior. O presidente da ANP, Mahmud Abbas, que deveria se encontrar com Qorei na noite desta quarta-feira, reuniu-se com os deputados do Fatah, que dominam o CLP com 62 das 83 cadeiras, para convencê-los a aprovar o novo gabinete palestino.

"Tudo é possível. Nosso voto dependerá dos nomes apresentados, e se o gabinete não for investido evocaremos a possibilidade de designar um novo primeiro-ministro", afirmou o deputado Abdel Fattah Hamayel, membro do Fatah. O deputado independente Jalal al-Mussadar considerou que Qorei devia ser substituído por ter fracassado em obter a confiança do CLP durante a sessão de segunda-feira passada. "A maioria defende um governo de tecnocratas, mas o problema é o chefe", concordou Freih Abu Medein, deputado do Fatah e ex-ministro da Justiça.