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Pequenas se capacitam e sobrevivem mais tempo
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
15/10/2008 | 07:24
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As micro e pequenas empresas estão sobrevivendo por mais tempo, devido principalmente ao aumento da competitividade. Nos últimos 10 anos, segundo estudo divulgado pelo Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), o índice de mortalidade empresarial cai consideravelmente. Hoje, a cada 100 novas empresas abertas no Estado de São Paulo, 27 não conseguem completar um ano de atividade. Há 10 anos, eram 35.

O levantamento, elaborado pelo Observatório das Micro e Pequenas Empresas do Sebrae-SP aponta também que a mortalidade das micro e pequenas no segundo ano de atividade registrou queda de 46% para 38%; no terceiro ano, de 56% para 46%; no quarto ano, de 63% para 50% e no 5º ano, de 71% para 62%.

NA REGIÃO
No Grande ABC, o índice registrado pelo estudo é semelhante, de acordo o Sebrae-SP.

Valter Moura, presidente da Associação Comercial de São Bernardo, explica que o resultado se deve a uma maior capacitação do profissional liberal.

"Em meados dos anos 1990 houve uma desaceleração industrial na região. Então, muitas pessoas, ao serem demitidas, abriam seus próprios negócios. No entanto, misturavam muito a vida pessoal com a profissional. Com o tempo, em função da facilidade de comunicação, os pequenos empresários começaram a realizar cursos nas entidades locais e tornaram-se mais profissionais", conta.

Na opinião de Antonio Carlos Schifino, coordenador do Observatório Econômico de Santo André, a sobrevida da micro e pequena empresa reflete o atual estágio da economia, "que propiciou uma maior formalização da atividade, oferecendo segurança para as empresas".

FALTAM RECURSOS
A Acqua Vita Engarrafadora de Soda, pequena empresa de São Bernardo, está no mercado há cinco anos. Marcelo Gambini, proprietário, alega que o crescimento tem ocorrido, porém, falta estrutura para consolidá-lo. "Com o aumento de pedidos não conseguimos atender a demanda em um curto prazo. É preciso aumentar a frota de veículos para realizar as entregas e ampliar o número de funcionários, o que requer um capital bem alto".

A empresa de Gambini, que tem faturamento anual em torno de R$ 200 mil, fabrica garrafas com sistema de bombeamento que produz água gaseificada na hora. Essa garrafa vai e volta, ou seja, é lavada, esterilizada e entregue novamente. "Ainda estamos avaliando se faremos um financiamento, pois temos pedidos de outros Estados, que para atender, será preciso investir", conta.

Por ser uma empresa do ramo de bebidas, a Acqua Vita conta com mais um agravante. Considerada como fábrica de refrigerante, ela não encaixa-se no Super Simples. Paga, portanto, uma tributação maior.

Com a Pandora Plásticos, pequena empresa de Mauá, com três anos e meio de atuação, a situação não é mais fácil. Apesar de encaixar-se no Super Simples, leva desvantagem quanto concorre com uma maior. "Mesmo com o nosso preço sendo mais barato, muitas vezes perdemos a venda por não gerarmos crédito de ICM e IPI para o comprador", diz Volnei Moretto, responsável pelas vendas e pelo desenvolvimento da prestadora de serviços, que faz embalagens sob medida e fatura R$ 160 mil anuais.

Para Moretto, o negócio só dá certo se houver criatividade nas soluções para fidelizar o cliente. "No fundo, trabalhamos mais que uma grande empresa. Não é porque somos pequenos que os custos são inferiores. Pelo contrário, temos um menor poder de persuasão na hora da compra", afirma.

Mas ser pequena também tem muitas vantagens, pois não há a burocracia de uma grande. "Além disso, enxergamos com muito mais facilidade as necessidades do cliente", finaliza Moretto.




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