Chegou a vez de Aluísio Azevedo (1857-1913) ter a obra radiografada em Grandes Autores, Leitores à Altura, ciclo de palestras organizado pela livraria andreense Alpharrabio e que pretende analisar a fundo a obra de quatro grandes escritores do território literário nacional. João Cabral de Melo Neto (1920-1999) já teve sua chance, um mês atrás; nos próximos meses, os contemplados serão o poeta Murilo Mendes (1901-1975) e o contista e jornalista João Antônio (1937-1996). Neste sábado, a partir das 17h, com entrada franca, está programado o raio-x da biografia e da bibliografia do autor de O Mulato e O Cortiço.

Quem terá a palavra no debate é Luiz Ruffato, considerado um dos principais delegados da nova prosa brasileira, ao lado de nomes como Bernardo Carvalho, Marçal Aquino e Milton Hatoum. Autor de livros como Eles Eram Muitos Cavalos, o palestrante conduzirá a interpretação da obra do maranhense Azevedo pela sua possível identificação com uma prosa de tradição proletária.

Sobretudo se adotados como faróis O Cortiço (1890) e Casa de Pensão (1884), romances cujos títulos sintetizam o conceito de massas enquanto personagem. Delegam a grupos de pessoas, a variações de comunidades em geral – como o cortiço e a pensão – o protagonismo de suas obras e, conseqüentemente, priorizam o coletivo acima do individual entre seus personagens. Um meio que o escritor emprega para contestar a passividade política da burguesia e de setores populares das sociedades, em detrimento da complexidade psicológica de seus personagens. Ademais, Azevedo é o pioneiro do naturalismo no Brasil, influenciado pelo português Eça de Queirós; seu livro O Mulato (1881) fixou-se na história como o primeiro romance naturalista do país.