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Colonos da Faixa de Gaza custam a crer que um dia serão retirados
Do Diário OnLine
Com AFP
27/10/2004 | 20:56
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Os colonos de Neve Dekalim, no sul da Faixa de Gaza, estavam convencidos nesta quarta-feira de que nunca serão atingidos pelo plano de retirada do território palestino, apesar do Parlamento tê-lo autorizado. Eles agem como se não estivessem com seus dias contados no território. Alguns até começaram a construir casas nos assentamentos.

"A retirada nunca será realizada. (O primeiro-ministro israelense) Ariel Sharon será obrigado a respeitar a vontade do povo", disse Myriam Guvi, que perdeu um filho em um atentado palestino, que está enterrado no cemitério de Gush Katif, um assentamento ao qual pertence Neve Dekalim.

Os colonos da região estão dispostos a fazer fracassar o plano de retirada de Sharon, o qual exigem que seja submetido a referendo. A votação no Parlamento israelense passava despercebida nesta quarta-feira em Neve Dekalim, uma grande colônia de Gaza, que, assim como as demais, será esvaziada antes do final de 2005, em virtude do plano ratificado pela Knesset.

Impassível, Yoel Ettedgui, 30 anos, acompanhava de perto as obras de construção de sua nova casa em um bairro do assentamento. "Esta é minha resposta ao Plano de Sharon. Nego-me a pensar que estou construindo sobre areia. Mas se o governo me obrigar a sair, irei", disse, minimizando as informações alarmistas de que os colonos pretendam resistir à retirada, usando armas se necessário.

"O fato de estarmos determinados não significa que pretendamos usar da violência", afirmou Yossi Krakover, diretor da escola primária da região. Nesta quarta-feira, seu colégio lembrou solenemente o nono aniversário do assassinato do primeiro-ministro trabalhista Yitzhak Rabin. Ele foi morto por um judeu ultranacionalista contrário aos acordos de Oslo, que também previam uma retirada dos territórios.

"O contexto de hoje é similar ao que prevalecia às vésperas do assassinato de Yitzhak Rabin. Mas quaisquer que sejam as divergências políticas não se resolvem através da violência, nem sequer verbal", disse. E ele acrescentou: "Sharon talvez tenha ganhado uma batalha ontem no Parlamento, mas não a guerra. Não há nada decidido".

Ao contrário dos habitantes de Neve Dekalim, que viviam na quarta-feira alheios a essa decisão, as autoridades dessa colônia faziam questão de expor sua visão aos meios de comunicação. "Muita coisa acontecerá antes de ser aplicado o plano de Sharon no território", opinou o porta-voz dos colonos da Faixa de Gaza, Eiran Sternberg.

"Estamos convencidos de que se for realizado um referendo, o povo votaria contra esse plano de retirada catastrófico e a favor da manutenção das colônias e do respeito dos valores sionistas e judeus", insistiu, referindo-se às fronteiras bíblicas de Israel, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.

Ariel Sharon já avisou que aqueles que resistirem à saída dos territórios serão presos.




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