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AIEA: Irã teria projeto para fabricar bomba atômica
Da AFP
31/01/2006 | 20:40
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A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) anunciou nesta terça-feira, com base em um documento, que o Irã iniciou em 'escala pequena' as pesquisas para enriquecimento de urânio e que existe a possibilidade do país árabe ter a intenção e a tecnologia para produzir armas de destruição em massa – bombas atômicas.

Este relatório, cujo qual a AFP (Agência de Notícias France Press) teve acesso, revela que este começo de estudo inclui "controles de qualidade", no momento em que o Irã está envolvido com os preparativos de uma usina piloto de centrífugas para enriquecimento, em Natanz.

O documento afirma que os iranianos também mostraram aos inspetores da AIEA documentos que remetem à fabricação de componentes para armas nucleares e exigiram que estes permaneçam lacrados no país. O texto de 15 páginas descreve "os procedimentos para reduzir o gás UF6 (hexafluoreto de urânio) em pequenas quantidades de metal e para moldar o metal do urânio enriquecido e empobrecido em hemisférios ligados à fabricação de componentes de armas nucleares".

No ano passado, o Irã, que negava qualquer intenção de se dotar destas armas, admitiu estar de posse de tais documentos, garantindo, porém, que lhes foram fornecidos por uma rede de contrabando paquistanesa e sem que Teerã os tivesse solicitado.

Para alguns diplomatas, contudo, o Irã já dispõe de um "caderno de receitas" para fabricar armas nucleares, embora funcionários da AIEA tenham encontrado apenas elementos parciais. "Ainda falta compreender por que eles têm este documento, como o procuraram e o porquê", declarou um alto dirigente da agência, acrescentando que a AIEA já tinha conhecimento de documentos similares em suas investigações em outros países com contatos com a rede de Abdul Qadeer Khan, o pai da bomba paquistanesa.

Esse relatório intermediário, que explica "onde a Agência está em sua investigação sobre as questões em aberto" em matéria de não-proliferação no Irã, será seguido de um mais completo antes da próxima reunião da junta de governadores, em 6 de março. Estas informações fazem parte de um relatório preliminar que a AIEA transmitiu aos 35 Estados-membros de sua junta de governadores, que se reunirá em sessão extraordinária nesta quinta e na sexta-feira.

Devido, sobretudo, à retomada de atividades ligadas ao enriquecimento de urânio, em 10 de janeiro passado, UE (União Européia) e Estados Unidos conseguiram convencer Rússia e China a aceitarem levar o Irã ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (China, EUA, França, Grã-Bretanha e Rússia) e a Alemanha chegaram a um acordo, nesta terça-feira, em Londres, para recorrer à mais alta instância decisória das Nações Unidas, que não deverá tomar qualquer medida, entretanto, antes de março próximo.

O diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, que quis dar mais tempo aos iranianos para que respondessem às dúvidas da agência, teve de ceder às pressões do Ocidente em 23 de janeiro e aceitou chegar a um ponto intermediário.




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