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Especialistas advertem para risco de 'tragédia ecológica' em Gaza
Da AFP
22/09/2005 | 19:40
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Uma "tragédia ecológica" ameaça a Faixa de Gaza, advertiram especialistas palestinos. Segundo eles a região, com uma densidade demográfica entre as maiores do mundo, possui redes de água potável e saneamento antiqüíssimos, ao que se acrescenta a rápida diminuição de suas reservas subterrâneas.

"Caminhamos para uma catástrofe ecológica, com uma densidade demográfica que chegará a oito mil pessoas por quilômetro quadrado em 2010", declarou Chaddad al Atili, assessor da Autoridade Palestina para a Água e Questões Ecológicas.

A Faixa de Gaza, da qual acabam de ser retirados colonos e soldados israelenses, depois de 38 anos de ocupação, possui atualmente 1,3 milhão de habitantes, dos quais 900 mil são refugiados, com uma densidade populacional de 6 mil pessoas por quilômetro quadrado.

De 27 de setembro a 17 de outubro, vários especialistas do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) trabalharão neste território para avaliar os danos sofridos com a infiltração de água contaminada em lençóis subterrâneos, a falta de drenagem, de centrais de saneamento e depuração das águas residuais.

Os especialistas internacionais deverão investigar eventuais infiltrações de resíduos industriais poluentes na camada subterrânea, o afundamento de resíduos sólidos perigosos onde estavam as colônias evacuadas em agosto e as condições de exploração da areia pelas empresas israelenses, explicou o especialista palestino Said Abu Jalala.

"Dezenas de milhares de toneladas de areia de alta qualidade foram levadas pelos israelenses em Gaza para sua indústria de vidro e construção, privando assim a camada subterrânea de um filtro natural", afirmou.

"A água é rara em Gaza e sua única camada subterrânea sobre o litoral está se esgotando", disse Atili, por sua vez.

Este território palestino recebe anualmente entre 45 e 55 milhões de metros cúbicos de água da chuva para um consumo estimado em 150 milhões de metros cúbicos.

"Por outro lado, Israel não nos autoriza a importar água de outras regiões além de Gaza", destacou Atili. Israel propôs aos palestinos vender-lhes água dessalinizada em Ashkelon, mas ao preço de um dólar o metro cúbico, que eles consideraram proibitivo.

A questão da partilha dos recursos hídricos deve ser discutida no âmbito das negociações sobre o estatuto final dos territórios palestinos, que inclui outras questões como o traçado da fronteira, a volta dos refugiados e Jerusalém, lembrou Atili.

A escassez de água levou à perfuração de muitos poços em Gaza.

Além dos 4,2 mil poços autorizados, outros 2,4 mil foram perfurados sem permissão pelos moradores, agravando a pressão sobre a camada subterrânea, acrescentou a fonte. Mais de 70 milhões de metros cúbicos são extraídos ilegalmente das camadas subterrâneas.




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