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Dalai Lama denuncia repressão chinesa no Tibet
Da AFP
10/03/2008 | 09:33
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O Dalai Lama, líder espiritual dos budistas tibetanos, denunciou nesta segunda-feira a repressão chinesa no Tibet, em uma declaração de incomum severidade por ocasião do 49º aniversário de seu exílio na Índia e a cinco meses dos Jogos Olímpicos de Pequim.

O Prêmio Nobel da Paz em 1989, cuja causa voltou a ganhar apoio no Ocidente nos últimos meses, criticou "as enormes e inimagináveis violações dos direitos humanos cometidas pela China no Tibet", que chegam à "negação da liberdade religiosa".

"Há seis décadas os tibetanos vivem de forma permanente com medo e sob a repressão chinesa", denunciou diante de partidários reunidos em Dharamsala, seu local de exílio no norte da Índia.

Os comentários severos contrastam com a moderação adotada nos últimos anos pelo Dalai Lama em relação à China, país que acusa de "agressão demográfica" por uma política de colonização acelerada que leva a "uma espécie de genocídio cultural".

O Dalai Lama, 72 anos, fugiu com milhares de seguidores para a Índia há exatamente 49 anos, em 1959, depois da chegada ao Tibet das tropas comunistas de Mao Zedong para sufocar uma rebelião antichinesa.

O líder religioso reafirmara no sábado o direito de Pequim organizar os Jogos Olímpicos em agosto, depois de ter sido acusado pela principal autoridade chinesa na Região Autônoma do Tibet de tentar "sabotar" o evento esportivo.

O Dalai Lama abandonou há alguns anos as reivindicações de independência e defende uma "ampla autonomia" dentro de uma "via intermediária" para salvar a língua, a cultura e o meio ambiente deste território localizado no Himalaia.

A China, que controla o Tibet desde 1950 (um ano após a vitória de Mao na guerra civil chinesa), aplicou uma política de sangrenta repressão aos partidários do Dalai Lama, venerado pelos tibetanos, e rejeita suas demandas.

"Nos últimos anos, o Tibet tem sido cenário de uma repressão e de uma brutalidade crescente. Apesar desta infeliz evolução, continuo decidido a prosseguir com minha política de 'via intermediária'", afirmou o Dalai Lama.

Segundo analistas, o Dalai Lama, frustrado pela recusa de Pequim a todas suas demandas de autonomia cultural para o Tibet, tenta acentuar a pressão às vésperas dos Jogos Olímpicos, multiplicando suas atividades internacionais.

Ele foi recebido em outubro do ano passado pelo presidente americano, George W. Bush, que o elogiou como "símbolo universal de paz e tolerância". Também se encontrou no fim de 2007 com os chefes de Governo da Alemanha, Áustria e Canadá, que ignoraram as advertências de Pequim.

No fim de novembro, Dalai Lama lançou um novo desafio à China, ao afirmar que se morresse no exílio seu sucessor seria designado fora do território tibetano. O governo comunista o acusou de trair a tradição do budismo tibetano, que até hoje escolheu no Tibet a reencarnação de sua maior autoridade religiosa.

Mais de 100 exilados tibetanos iniciaram nesta segunda-feira uma marcha simbólica de Dharamsala ao Tibet, mas sem revelar se estariam dispostos a cruzar a fronteira e em que lugar.

"O governo chinês usa os Jogos Olímpicos para legitimar a ocupação ilegal do Tibet, que pertence aos tibetanos. Nunca renunciaremos até que o Tibet seja independente", afirmou o organizador da marcha, Tsewang Rigzin, presidente do Congresso da Juventude Tibetana.




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