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Texaco prepara resgate de balsa com óleo no Pará
Do Diário do Grande ABC
06/02/2000 | 18:50
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Uma operaçao delicada na qual nao pode haver falhas, sob pena de provocar um desastre ambiental, vai tentar resgatar do fundo do rio Pará a balsa Miss Rondônia, que afundou com 1,8 milhao de litros de óleo na sexta-feira, perto do porto de Vila do Conde, em Barcarena, a 20 km de Belém. O resgate deve ser feito entre quarta e quinta-feira, mas ainda depende de estudos que deverao ser completados terça-feira. A balsa pertence à Transportadora Conama e quando afundou estava a serviço da empresa norte-americana Texaco, que a abastecia no porto.

A Capitania dos Portos abriu inquérito para apurar as causas do acidente. Os fortes ventos que sopravam na regiao e a correnteza da maré foram inicialmente apontadas como responsáveis pelo afundamento da balsa. "Vamos ouvir todas as versoes e investigar as causas, mas por enquanto é cedo para tirar uma conclusao", afirmou o capitao dos Portos do Pará, Laury Ramos.

Vazamento - Uma equipe de dez mergulhadores, quatro deles contratados pela Texaco e outros seis do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), tem mergulhado para verificar como está a balsa e se há sinais de vazamento. A embarcaçao está a seis metros de profundidade com maré cheia e nao emborcou, como temiam os técnicos. Os bombeiros informaram que até o final da tarde de domingo nao havia sinais de vazamento de óleo. Também nao foi observada qualquer perfuraçao no casco, embora a visibilidade no local esteja comprometida pelas águas barrentas do rio Pará.

O combustível está armazenado em seis tanques, cada um com capacidade para 300 mil litros de óleo. Funcionários da Texaco, ambientalistas e técnicos do meio ambiente dos governos federal e estadual fizeram um cinturao de bóias e ergueram barragens de contençao numa área de 1.200 metros em volta do local onde a balsa afundou. As empresas internacionais Smith American Inc. e Oil Spill Response Limited, as mesmas que resgataram navios fundeados com óleo no Rio Grande do Sul e Maranhao e atuaram na Baía de Guanabara, atingida pelo vazamento de óleo da Petrobras, foram contratadas pela Texaco para fazer o resgate da balsa e retirar o óleo de seus tanques.

"O risco de vazamento é de apenas 1%, mas mesmo que isso ocorra nao haverá problema, porque o óleo ganha consistência quando está frio. Ele pesaria mais do que a água", disse o gerente regional da Texaco, José Ferreira Amin. Perguntado sobre o que aconteceria em caso de uma fissura e rompimento dos tanques, ele acrescentou que a água entraria nos tanques, mas nao se misturaria com o óleo. "Ela ficaria por cima do óleo, por ser mais leve". Amin ressaltou que nao falava como especialista no assunto. Ele disse que apenas estava transmitindo informaçoes dos técnicos.

Operaçao - Para fazer a balsa flutuar, será necessário retirar a maior parte do óleo armazenado nos seis tanques. "Teremos que aquecer o óleo dentro dos tanques a uma temperatura de pelo menos 50 graus, para que ele se torne mais fino e possa ser sugado pelos condutores e armazenados em outros tanques que serao utilizados na operaçao", disse Amin. De acordo com ele, a Texaco tomou todas as providências para tentar retirar a balsa do fundo do rio sem provocar danos ambientais. "A empresa que transportou o óleo deveria ser responsabilizada, mas se houver um acidente na hora do resgate da balsa todo mundo vai dizer que a culpada foi a Texaco."

O plano de resgate, depois de finalizado, terá de ser submetido aos órgaos ambientais, Capitania dos Portos e Defesa Civil, que poderao aprová-lo se estiverem dentro das normas ambientais. "Seremos rigorosos no cumprimento das medidas preventivas para evitar a contaminaçao do rio Pará", garantiu o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Pará, Paulo Castelo Branco. "Será uma operaçao feita por técnicos de reputaçao internacional e tudo dará certo", afirmou Amin.




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