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Participaçao de salários no PIB é metade dos anos 50
Do Diário do Grande ABC
21/06/1999 | 15:49
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Segundo dados do ministério da Economia, em 1998, os trabalhadores argentinos receberam em salários o equivalente a 26,2% do Produto Interno Bruto. O anúncio indica uma profunda queda na participaçao dos assalariados na economia do país. No total, sao 10 milhoes de assalariados, incluindo aqueles sem carteira assinada, que recebem US$ 78 bilhoes de forma líquida.

No passado, a participaçao dos assalariados no PIB era substancialmente maior: em 1950, no governo do general Juan Domingo Perón, a participaçao era de 55%, mais que o dobro do atual. Nos anos posteriores, a proporçao foi caindo, até atingir o ponto mais baixo durante a hiperinflaçao de 1989, quando chegou a 24%. Após isso, houve uma recuperaçao. No entanto, a partir de 1993, apesar do crescimento de 20% da economia e da reduçao da inflaçao à quase 0%, os salários foram congelados, o desemprego aumentou e a participaçao dos salários no PIB caiu para os atuais 26,2%.

Segundo o Instituto de Estudos Fiscais e Econômicos (IEFE), a média salarial nesta segunda é de US$ 700, enquanto que nos anos 50 era de US$ 1.428.

O IEFE sustenta que desde 1991 a queda do salário real foi maior nos salários menores. Nos salários maiores praticamente nao houve quedas.

Outro índice que demonstra a crescente pobreza da sociedade argentina é o desemprego, que na Grande Buenos Aires teria crescido 5% desde outubro passado, chegando a atingir 18% dos trabalhadores. No cinturao industrial de Buenos Aires vivem 8 milhoes de habitantes, e em algumas cidades da área o desemprego chegaria a 20% de desemprego. Embora os índices oficiais de desemprego somente serao anunciados em julho pelo ministério da Economia, o ministério do Trabalho anunciou neste domingo que estaria ao redor de 15% em todo o país.

Nesta segunda-feira também causou polêmica o anúncio de que 55% dos trabalhadores nao possuem qualquer tipo de plano de aposentadoria.

Desta forma, 8,5 milhoes de pessoas nao poderao se aposentar no futuro próximo, nem receber assistência médica, mesmo do PAMI o sistema estatal. Do total de 15 milhoes de pessoas da populaçao economicamente ativa, somente 6,5 milhoes paga suas contribuiçoes previdenciárias. A grande proporçao de pessoas sem proteçao social é atribuída ao crescimento de trabalhadores sem carteira assinada e à contrataçao de autônomos.

A Confederaçao Geral do Trabalho (CGT) está analisando a situaçao, e em sintonia com o governo, está disposta a aceitar a implementaçao de contratos por prazos definidos que nao incluam indenizaçoes. O único ponto que a central sindical se recusa a aceitar é a reduçao dos encargos sociais pagos pelos patroes. A intençao é que a flexibilizaçao das relaçoes trabalhistas permita o aumento do número de empregos.

Nesta terça-feira, governo e sindicalistas se reunirao para os acertos finais. Mas, enquanto milhoes de argentinos somente vêem no horizonte um panorama de incertezas e miséria, outro setor gasta mais do que nunca em viagens ao exterior: no ano passado turistas argentinos gastaram US$ 5 bilhoes fora do país, o que indica um aumento de 165% nos gastos realizados em 1990. Há nove anos, 2,3 milhoes de argentinos viajaram ao exterior, enquanto que no ano passado, o número foi de 4,5 milhoes. A média de gasto por turista argentino no exterior subiu de US$ 628 em 1990, para US$ 870 em 1998. O desembolso dos argentinos no exterior representa 1% dos gastos turísticos mundiais.

O dado é ilustrativo do inédito e crescente contraste social na Argentina: o 20% mais rico da populaçao obtém mais de 50% da riqueza do país, enquanto que o 20% mais pobre dos argentinos somente fica com 4%.




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