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Crise paralisa construçao do porto de Gaza
Das Agências
14/12/2000 | 13:32
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Depois de trinta anos de luta pela construçao de um porto na Faixa de Gaza, este projeto de US$ 80 milhoes parece ter se evaporado como a esperança palestina de ter um dia sua independência econômica.

``Voltamos ao ponto de partida', disse Nabil Chaath, ministro palestino da cooperaçao internacional, encarregado da supervisao do desenvolvimento de um porto na Faixa de Gaza.

Espremida entre o deserto de Neguev e Israel, a Faixa de Gaza está situada à beira do Mediterrâneo, mas nao possui corredor de transporte e é obrigada a utilizar portos israelenses.

Quando Israel impôs um bloqueio punitivo aos territórios no início dos conflitos a 28 setembro, a economia palestina começou a afundar, aumentando a cólera e o sentimento de desproteçao entre os palestinos.

O fechamento dos territórios bloqueou a chegada de mercadorias, petróleo e ajuda humanitária, e provocou o aumento do desemprego entre os palestinos.

Um porto que dê a Gaza acesso ao mundo exterior, sem restriçoes, mudaria a situaçao.

Israel e palestinos, que disputam palmo a palmo a terra há décadas, estao divididos igualmente quanto à soberania do mar.

``Israel tem utilizado todas as astúcias para tentar impedir a construçao desse porto', disse Chaath.

O ministro acrescentou que pouco tempo depois da guerra árabe-israelense em 1967, Israel destruiu o porto de Gaza e bloqueou em seguida os esforços do Programa das Naçoes Unidas para construir um pequeno cais.

Depois de longos anos de uma situaçao difícil em termos de segurança e de negociaçoes sobre o impacto ecológico, os acordos de Wye Plantation e de Sharm el-Sheikh, firmados em 1998 e 1999, autorizaram a construçao do porto.

França e Holanda deram uma contribuiçao de US$ 70 milhoes para financiar o projeto, enquanto a Autoridade Palestina proporcionou o restante da soma.

No entanto, segundo Chaath, Israel conseguiu ganhar tempo mediante o adiamento das obras, depois de ter entravado a importaçao de materiais, em particular os que iam destinados a construir um dique de 700 metros.

Israel levantou suas últimas objeçoes à construçao do porto poucos dias antes da explosao da revolta palestina, que causou em onze semanas mais de 300 mortos e aniquilou assim as esperanças de ver concretizado esse projeto.

Desse sonho só restam agora alguns vestígios: um cartaz com a inscriçao Projeto de construçao do porto marítimo de Gaza.

O governo palestino deve entregar US$ 14 milhoes para indenizar as empresas internacionais de construçao envolvidas no projeto, disse Chaath.

Ao longo da rua que bordeja o mar, os pescadores palestinos propoem no mercado de Al Hasph suas vendas do dia. Camaroes, lulas, salmao... os balcoes estao cheios, mas ninguém compra.




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