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PM do Rio continua sem pistas do autor de carta-bomba
Do Diário do Grande ABC
23/06/2000 | 14:59
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Quatro dias após a explosao de uma carta-bomba ocorrida no gabinete da secretária municipal de Administraçao, a polícia continua sem pistas sobre o autor do atentado. O depoimento prestado, hoje pela secretária Vanice Lírio do Valle e duas auxiliares nada acrescentaram ao caso, segundo informou o delegado da 6ª DP (Cidade Nova) Oswaldo Luiz Cupello.

Agora, a polícia espera que um funcionário da agência dos Correios de onde a bomba foi enviada, no Centro Administrativo, consiga fazer um retrato-falado da pessoa que despachou o pacote. Cupello, porém, admite que a possibilidade do funcionário conseguir fazer isso é remota.

"As vezes, eles nem olham para as pessoas durante o atendimento", afirmou o delegado. "Além disso, no dia em que a bomba foi enviada o movimento foi maior do que o normal porque era o último dia de inscriçao do provao".

Na segunda-feira passada, um pacote endereçado à secretária explodiu no gabinete após ter sido aberto pela funcionária Maria Helena Ferreira Pereira. Ela e a colega Valéria Márcia dos Santos, que também estava na sala, ficaram levemente feridas.

No seu depoimento, Vanice Valle disse nao ter idéia de quem poderia querer prejudicá-la. Como secretária de Administraçao, ela cuida de questoes ligadas ao funcionalismo público e de licitaçoes. Durante sua administraçao, defendeu temas polêmicos como a cobrança previdenciária dos inativos. Segundo o delegado, Vanice afirmou nao ter feito cortes de pessoal nem cancelado licitaçoes, recentemente. Filha de um procurador aposentado, ela também é procuradora e casada com o delegado da 22ª DP (Penha), David Marques.

"Conversamos com ela sobre eventuais problemas na sua vida pessoal", contou Cupello. "Mas ela disse que nao havia nada de errado na sua rotina", continuou. "Conversamos com seus vizinhos e eles disseram a mesma coisa".

O próximo passo, segundo o delegado, será investigar a comissao de licitaçao da secretaria. Além disso, ele pretende conversar outra vez com o funcionário Almir dos Santos, da agência dos Correios do Largo do Machado, na zona sul, na esperança de que ele consiga fazer "ao menos um esboço" do retrato falado de quem enviou a bomba.

Segundo Cupello, o funcionário conseguiu lembrar-se do pacote que continha o explosivo por causa do lacre usado - uma fina fita adesiva verde e amarela, enquanto a dos Correios é branca e mais grossa. Por conta desse detalhe, ele informou que o pacote custou R$ 5,20 e foi pago com dinheiro certo. "A pessoa estava preocupada em ficar o mínimo de tempo possível na agência", avaliou o delegado.

O explosivo, na avaliaçao do Esquadrao Anti-Bombas da Polícia Civil, tinha uma produçao de nível médio de sofisticaçao e foi feito de forma a nao causar ferimento letal. Cupello está convencido de que o autor do atentado nao agiu por mera brincadeira. "Havia o objetivo de dolo porque o pacote foi feito de forma a nao explodir com um leve solavanco", disse. "A funcionária que o abriu deu sorte porque fez isso pelos lados e nao pela frente, como é o mais comum", continuou. "Com isso, ela se livrou de ter o pacote explodido no seu rosto".




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