Economia Titulo Crédito
Desembolsos do BNDES registram queda de 12%

De janeiro a setembro, instituição financiou R$ 1,7 bi na região

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
16/11/2011 | 07:30
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Com a desaceleração da economia, ao longo deste ano, a procura por linhas de crédito do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social recuou. No Grande ABC, o volume de desembolsos da instituição somou R$ 1,696 bilhão de janeiro a setembro, 12% menos que o observado em igual período do ano passado - quando atingiu US$ 1,931 bilhão.

 

Esses dados, repassados pelo posto de informações do BNDES na Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, se referem apenas às operações indiretas - contratos de menos de R$ 10 milhões, em que é necessária a intermediação de outros bancos.

No entanto, espelham um cenário que se verifica também em âmbito nacional. Em todo o País, o banco desembolsou R$ 91,63 bilhões nos primeiros nove meses do ano, queda de 11% frente ao mesmo período de 2010, se for desconsiderado volume de R$ 24,7 bilhões referente à capitalização da Petrobras, no terceiro trimestre de 2010, aponta análise da Federação Brasileira dos Bancos. Considerando esse "evento extraordinário", a retração é bem maior, de 28%.

Para representantes do setor industrial, a explicação para o recuo é simples. O BNDES tem como foco financiar investimentos das empresas, como o crédito para ampliação de instalações ou compra de equipamentos, e com o desaquecimento da economia, há menos ânimo para investir. "A indústria está se sentido retraída", afirma Anuar Dequech Júnior, vice-diretor da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em Diadema. Ele acrescenta que, com o real forte frente ao dólar, muitas fabricantes têm preferido importar a produzir no País.

MICRO E PEQUENAS- Enquanto os desembolsos recuaram, o número de contratos cresceu 46% de janeiro a setembro. Isso ocorreu pela expansão dos empréstimos do banco para microempresas (alta de 65%) e para as de pequeno porte (54%). O gerente do Ciesp de Diadema, Dario Sanchez, que coordena o posto do BNDES nessa entidade, destaca que um dos fatores é a disseminação do Cartão BNDES, que permite financiar compra de máquinas ou insumos de empresas cadastradas no portal do banco (www.bndes.gov.br), com condições especiais: taxa atual de 0,97% ao mês e parcelamento em até 48 meses.

 

Empresário de Mauá recorre a crédito para atualizar maquinário

 

O pequeno empresário José Jaime Salgueiro, diretor da empresa Resiplastic, de Mauá, adquiriu neste ano maquinário orçado em R$ 500 mil, com linha Finame (destinada a financiar a compra de máquinas e equipamentos), do BNDES.

Salgueiro explica que a máquina nova, destinada ao processo de fabricação de tanques de combustível para tratores e colheitadeiras, substituiu outra, que já tinha mais de dez anos. A atualização era necessária não só pelo desgaste da antiga, mas pela necessidade de modernização e redução de custos (o equipamento adquirido consome menos energia) para fazer face à concorrência.

O Finame, que foi uma das poucas modalidades do banco que cresceram na região neste ano (alta de 19%), tem atrativos que justificam o forte interesse das empresas. Dentro dessas linhas estão o Programa de Sustentação do Investimento, criado pelo governo federal em 2009 e que, apesar de algumas mudanças desde então, oferecem condições bastante especiais para a compra de máquinas, regras válidas até dezembro de 2012. No caso das pequenas empresas, taxa de juros de 6,5% ao ano, com até 24 meses de carência e pagamento em até dez anos.




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