O ex-presidente José Sarney (PMDB) oficializou na tarde desta terça-feira seu apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República. O anúncio foi feito após almoço com Lula na casa do senador (atualmente pelo Amapá), em Brasília, que também contou com a participação do candidato a vice José Alencar (PL) e o presidente nacional do PT, José Dirceu.

Após o encontro, Sarney afirmou que o candidato terá sua colaboração “porque o Brasil hoje está dividido". Segundo o senador, Lula representa “fator de estabilidade política para o país”. "Com a sua experiência em negociações, ele pode ser, em vez de instabilidade, uma ponte de estabilidade pelo diálogo que pode estabelecer com os diversos setores da sociedade", disse.

Sarney também disse que o petista lhe prometeu lutar por um novo pacto social no país. "Ele acaba de me dizer que vai marchar para fazer o pacto social. Eu acho isso muito importante”, acrescentou. Além disso, Lula teria dito que vai incorporar a distribuição de leite ao programa de combate à fome do partido.

O senador deixou claro que o apoio de caráter nacional não envolve sua filha, a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PFL). Apesar disso, Sarney não descarta a possibilidade de seu grupo político apoiar Lula, incluindo peemedebistas que atualmente apóiam José Serra (PSDB), caso o tucano não vá para ao segundo turno da eleição.

"Quando o PMDB apoiou o outro candidato, eu disse que era um apoio errado e que não levaria a lugar nenhum”, disse. Sarney ainda afirmou que, apesar do apoio, não vai subir em palanques eleitorais ao lado do petista, por “estar muito velho” e porque, segundo ele, “palanques têm caído muito” ultimamente.

Satisfação - Já Lula disse que ficou muito satisfeito com o apoio de Sarney que, segundo ele, é prova de que a rejeição a seu nome está diminuindo. "É sempre gratificante perceber que as rejeições estão caindo e os preconceitos estão sendo quebrados”, disse.

Lula afirmou que considera importante ter o apoio de dois presidentes da República, como Itamar Franco e José Sarney. No entanto, ele informou que o compromisso do senador foi com a campanha, e não com um eventual governo do PT.

O candidato também disse que não vê problema em receber o apoio de Sarney, apesar do PT ter sido de oposição a seu governo (1985-1990). Segundo ele, o que aconteceu no passado “não pode ser impedimento para o crescimento do país”. “Queremos juntar pessoas para governar da melhor maneira possível”, disse.

O petista acredita que ainda haverão novas adesões à sua campanha, e afirma que “estará de braços abertos para recebê-los”. Ao ser perguntado sobre um possível apoio de Fernando Henrique Cardoso, caso o candidato José Serra (PSDB) não chegue ao segundo turno, Lula disse apenas que o presidente “tem seu candidato”.