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Câmara deve criar CPI para investigar roubo de cargas
Do Diário do Grande ABC
25/03/2000 | 16:03
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O roubo de cargas cresce 30% a cada ano no país e já se tornou um comércio milionário. O crime, que deve virar alvo de Comissao Parlamentar de Inquérito na Câmara, lesou as empresas de transporte em mais R$ 315 milhoes só em 1999, segundo a Confederaçao Nacional dos Transportes (CNT).

Pelas estimativas da Pamcary Seguros, corretora que responde por 50% dos seguros contra roubo de carga, os prejuízos podem ser ainda maiores. Em 1999, as perdas com os roubos teriam chegado a R$ 374 milhoes. Em 1994, a empresa estimava que os prejuízos estavam em R$ 102 milhoes.

Nos últimos cinco anos, o número de casos de roubo de carga quase dobrou. Em 1994, de acordo com a Pamcary, foram registradas 2.566 ocorrências, que, em 1999, chegaram a 4.967. Para a CNT, os números sao um pouco menores, mas nao menos preocupantes. Segundo a entidade, teriam sido registradas 4.200 ocorrências em 1999. 'A situaçao tomou uma proporçao insustentável``, afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade.

Rede - 'O roubo se espalha porque a rede de receptaçao conseguiu se expandir para os outros estados. O roubo é sempre próximo ao local de receptaçao``, explica Artur Santos, vice-presidente da Pamcary. 'Há uma evoluçao ano a ano do roubo de carga, que tem praticamente inviabilizado o transporte, porque sem seguro nao pode ser feito``, acrescenta.

Segundo ele, a receptaçao é feita pelo comércio regular, que conta com a falta de fiscalizaçao e a impunidade. 'É muita carga roubada para ser vendida nos camelôs``, afirma. Santos acredita que há muita gente 'graúda`` envolvida com o roubo de carga, por ser crime organizado.

De acordo com a seguradora, cerca de 80% dos roubos de carga estao concentrados nos estados do Rio e Sao Paulo, que já chegaram a registrar 90% dos casos. As estatísticas das empresas de seguro mostram que o roubo de carga se espalha pelo país, migrando para regioes onde praticamente nao havia registros. No Nordeste, o roubo de carga cresceu, de 98 para 99, quase 20%; o Sul teve um aumento de 22,6%, e o Centro-Oeste, de 86%.

CPI - Semana que vem, deverá ser lido no plenário do Congresso o requerimento de criaçao de uma Comissao Parlamentar de Inquérito para investigar o roubo de cargas e sugerir medidas de combate ao crime. A CPI vem na esteira da comissao do Narcotráfico, que trouxe a público a ligaçao entre o roubo de carga e o tráfico de drogas.

'O roubo de carga aumenta em torno de 30% ao ano``, afirma o presidente da Confederaçao Nacional do Transporte, que, ao lado de seu irmao, o deputado Oscar Andrade, movimenta-se para criar a CPI. 'O principal é chegar ao receptador. E só conseguiremos isso com a quebra dos sigilos fiscal e bancário. Por isso, pedimos a criaçao da CPI``, afirma Clésio Andrade.

Para ele, a CPI deverá apurar a suspeita de envolvimento de policiais. Por isso, defende que a Polícia Federal passe a atuar no combate ao roubo de carga. Além dos prejuízos financeiros, o roubo de carga afeta os preços dos fretes e encarece a apólice de seguro. Há casos de seguros que chegam a custar, segundo Clésio Andrade, até 6% do valor da mercadoria.

As cargas mais visadas pelos bandidos sao os alimentos, que, segundo as estatísticas da Pamcary, respondem por 20,58% das ocorrências, as confecçoes e tecidos (16,74%), os eletroeletrônicos e eletrodomésticos (9,61%) e os medicamentos (6,66%). Os cigarros sao também muito visados pelos bandidos.

Das 130 seguradoras do país, apenas seis fazem seguro contra roubo de carga. Mesmo assim com uma série de restriçoes. Os medicamentos, por exemplo, sao segurados desde que o caminhao seja rastreado por satélite e tenha escolta.




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