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Indústria alemã, decepcionada, teme congelamento das reformas
Da AFP
19/09/2005 | 19:49
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Os industriais alemães não esconderam a decepção nesta segunda-feira com a indefinição das eleições legislativas, temendo, assim, um congelamento das reformas do Estado de Bem-estar Social.

"O resultado da votação é um desastre para a economia alemã", lamentou o presidente de Altana, Nikolaus Schweikart, nas colunas do Financial Times Deutschland. "Uma grande coalizão (entre democratas-cristãos e social-democratas) significa a manutenção do status quo", acrescentou.

Menos alarmistas, os empresários não esconderam a "amarga" decepção, para retomar os termos de Juergen Thuman, presidente da Confederação Alemã da Indústria (BDI), uma das duas maiores organizações empresariais do país.

Os empresários haviam apostado tudo em "Angie" e esperavam reformas tributárias, no mercado de trabalho, nas aposentadorias e no sistema de saúde que poderiam reativar a economia do país.

Uma grande coalizão entre a direita e os social-democratas parece provável, mas também há outras possibilidades de alianças que ainda não estão descartadas.

"Será muito difícil governar a Alemanha", disse Thumann. Uma eventual grande coalizão significa "uma política de pequenos passos nas reformas e isso é exatamente o que não queremos", afirmou Karoline Beck, presidente da Confederação de Jovens Empresários da Alemanha (BJU).

Mais otimista, o presidente da empresa construtora Hochtief exortou os partidos a assumirem suas responsabilidades.

Os partidos "têm que encontrar força para superar os conflitos e concentrar seus esforços em solucionar os problemas urgentes...", declarou Hans-Peter Keitel, citando a reforma tributária e a da proteção social, que devem contribuir para baixar os custos do trabalho, um dos mais elevados da Europa.

Em seu programa, Angela Merkel prometeu simplificar os procedimentos para o estabelecimento de pequenas e médias empresas. As companhias também poderiam concluir acordos salariais fora de seu ramo econômico, desde que dois terços dos assalariados aprovassem a proposta.

Para os sindicatos, o duro revés experimentado pelos democratas-cristãos, que apareciam como vencedores nas pesquisas há semanas, mostra a rejeição da população às reformas, contrárias, segundo eles, aos direitos sociais.

"Os eleitores se deram conta de que o abismo entre pobres e ricos aumentaria no caso de uma coalizão entre democratas-cristãos e liberais", disse o presidente do sindicato Ver.di, do setor de serviços, Frank Bsirske, ao jornal Berliner Zeitung.

Os economistas insistiam nesta segunda-feira sobre o longo período de indefinições que está por vir. Essa incerteza poderia vir a ameaçar o mercado financeiro e frear o ritmo de implementação das reformas iniciadas sob o governo do chanceler Gerhard Schroeder.

"As esperanças de reformas foram aniquiladas", comentou Holger Schmieding, analista do Bank of America.

Uma nota de otimismo neste concerto de lamentos: o economista-chefe do reputado instituto de análise de conjuntura Ifo, Gernot Nerb, assegurou que "nada está perdido".

As reformas podem ser implementadas no âmbito de uma grande coalizão, sublinhou Nerb. Gerhard Schroeder começou o movimento com sua "Agenda 2010", que representa uma ruptura em relação ao Estado de Bem-estar Social.

De todas as formas, será necessário alcançar uma solução política rapidamente e depois continuar com as reformas, acrescentou o especialista.

Para o economista chefe do Ifo, ainda é prematuro especular sobre o impacto destas eleições sobre o crescimento da primeira economia da área do euro.




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