O delegado da Polícia Federal, Nivaldo Bernardes, disse nesta quinta-feira que a Justiça Federal decretou a quebra de sigilo fiscal de 16 dos 17 membros presos do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de São Paulo. Eles são acusados de promover greves para ajudar empresários, em troca de propina. Segundo as últimas informações, a quebra de sigilo valeria para os dois últimos anos.

O 17º é o ex-integrante da entidade, Severino Teotonio do Nascimento, que está preso na cadeia de Guarulhos, sob a acusação de matar três dissidentes da instituição.

O delegado também informou que Receita Federal quebrou o sigilo bancário dos 16 investigados. Com a ação, promotores do Ministério Público Estadual descobriram que alguns dos sindicalistas tinham movimentação financeira 25 vezes maior que o salário.

Depoimentos — O delegado da Polícia Federal afirmou nesta quinta-feira que os 16 dirigentes presos do sindicato se recusaram a prestar depoimentos oficiais. Segundo Bernardes, os sindicalistas só falarão em juízo.

“O lamentável é que ninguém quis prestar depoimento”, afirmou. O delegado declarou ainda que a maioria das denúncias que ajuda a polícia vem por parte da população. O telefone do Disque Denúncia é 3616-5211.

Dos 17 dirigentes procurados por supostamente receberem propina dos empresários para promoverem greves, apenas José Valdervan de Jesus está foragido.

Nesta tarde de quinta, os detidos com prisão temporária devem receber visitas. O prazo para a detenção termina à meia-noite de sexta-feira. De acordo com o delegado Bernardes, o pedido deve ser prorrogado por mais cinco dias. No entanto, a alternativa de requerer a detenção preventiva — que manteria os suspeitos presos até o fim das investigações — não está descartada.

Operação — A operação da PF nesta quinta se volta à busca de supostos “laranjas”, funcionários que seriam os proprietários das empresas de ônibus apenas no papel, para que as companhias tivessem os impostos diminuídos ou sonegados. Seis equipes estão na rua. O objetivo é encontrar os contratos sociais e conhecer o nome das empresas que estariam envolvidas no esquema. O delegado Bernardes mantém a identificação das companhias em sigilo, para não atrapalhar as negociações.