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Leilao do IRB-Brasil atrai estrangeiros, mas participaçao é incerta
Do Diário do Grande ABC
19/03/2000 | 19:50
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A privatizaçao do IRB-Brasil Re, o monopólio estatal de 60 anos no setor de resseguros, atraiu por enquanto quatro das 14 resseguradoras que instalaram escritórios no País. Mas as empresas que já visitaram o centro de informaçoes (data room) do IRB, aberto no ano passado e agora atualizado, sao quatro das gigantes mundiais: Swiss Re, Munich Re, Transatlantic Re e General & Cologne Re. O interesse neste mercado, ainda pequeno no Brasil, no entanto, nao é garantia de que marcarao presença no leilao. Elas estao avaliando os números atualizados do IRB e, dependendo do resultado, nao descartam desistir da disputa.

Os interessados dizem que a vantagem de comprar o IRB é sua base de clientes. Mas lembram que, por outro lado, o instituto tem 4 mil processos na Justiça e operaçoes deficitárias em Londres e Nova York. "Estamos refazendo os cálculos do que seria o preço ideal para ver se vale a pena", declarou o diretor da norte-americana Transatlantic, Paulo César Pereira Reis. A norte-americana General & Cologne, também aventa a hipótese de ficar de fora. "Estamos analisando os dados mais recentes para ver se o preço mínimo é viável", disse o diretor presidente da resseguradora, Daniel Castillo.

A venda de 90% do capital votante (45% do total) do IRB está marcada para 25 de abril, pelo preço mínimo de R$ 520 milhoes, e outras 50 mil açoes serao oferecidas aos empregados, pelo preço de R$ 27,3 milhoes. Mas os entraves à venda do IRB já começaram. O IRB foi obrigado a pagar, no ano passado, imposto de renda referente à remessa de prêmios para o exterior, retroativo aos últimos cinco exercícios, o que mexeu com o preço mínimo e ajudou a reduzir o lucro do IRB de R$ 170,3 milhoes para R$ 155,4 milhoes, em 1999.

No meio do ano, o Conselho Nacional de Desestatizaçao (CND) ainda reviu para baixo o valor do imposto, o que fez o preço mínimo subir de R$ 460 milhoes para os R$ 520 milhoes. O Brasil tem um grande potencial para o mercado do resseguro, ou seja, do seguro do seguro, feito quando a companhia seguradora assume um contrato cujo grau de risco é maior do que sua capacidade financeira. O resseguro envolve essencialmente grandes valores, como seguros de avioes, do sistema habitacional e de empresas petrolíferas. A arrecadaçao de prêmios do IRB em 1999 foi de R$ 1,15 bilhao, cerca de 5% do mercado de prêmios de seguros diretos.

O diretor da Susep Lídio Duarte projeta um mercado de R$ 2,5 bilhoes a R$ 3 bilhoes em três anos. O resseguro também deve roubar negócios do cosseguro - modalidade feita por um pool de seguradoras -, um mercado hoje de R$ 1,7 bilhao.

Pode ser que se vejam seguradoras nacionais associadas às grandes resseguradoras para comprar o IRB. A seguradora do Banco do Brasil, Aliança do Brasil, foi a quinta empresa a requerer os dados do IRB, e deveráprocurar parceiros.

As 127 seguradoras que atuam no Brasil sao donas de metade do capital do IRB desde 1997, com açoes preferenciais (sem direito a voto). As maiores participaçoes sao da Bradesco Seguros (6,6% do capital preferencial), Bradesco Previdência (3,9%), Unibanco Seguros (3,7%), Itaú Seguros (3,2%) e Sul América (2,5%).




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