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Emprego informal é estimulado pela legislaçao, diz Amadeo
Do Diário do Grande ABC
11/02/2000 | 16:36
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O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Edward Amadeo, afirmou nesta sexta-feira que, por causa da legislaçao trabalhista, o trabalhador brasileiro concorda em aceitar empregos informais - sem que isso seja imposto pelas empresas que os contratam. "Posso estar enganado, mas me parece que é uma decisao conjunta", afirmou o secretário, no seminário "2000 Cenários", promovido pela Fundaçao Getúlio Vargas (FGV-RJ) na Federaçao das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

No ano passado, dos 418 mil postos de trabalho criados no Brasil 94% eram sem carteira de trabalho assinada, citou Amadeo em sua palestra. Mas ele acredita que o crescimento deste tipo de ocupaçao - que ele prefere chamar de ilegal, e nao informal - nao é conseqüência direta da recessao econômica. O secretário lembrou que esta forma de contrataçao aumentou também em períodos de crescimento nesta década.

Para o secretário, o problema está ligado mais a aspectos "institucionais". Ele defendeu que o governo e os sindicatos "saiam da trincheira" para debater a questao. O governo deve atuar mais como mediador, afirmou o secretário. Mas ele defendeu a discussao do incentivo à participaçao dos trabalhadores na Previdência Social, a mudança na legislaçao trabalhista e o papel da Justiça do Trabalho.

Duráveis - Na palestra, o secretário previu que o crescimento da economia neste ano seja impulsionado pelo aumento do consumo dos bens duráveis. Ele lembrou que a produçao de veículos e eletrodomésticos tem margem para crescer, por causa do alto índice de capacidade ociosa destas indústrias.

"Nao é descabido pensar em um aumento da produçao industrial de dois dígitos neste ano", afirmou Amadeo. Ele afirmou que, mesmo que "nada aconteça" para aumentar a atividade econômica, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode crescer 1,3% este ano, e a produçao industrial, 5,2%.

No ano passado, lembrou o secretário, a indústria foi incentivada pelo aumento da quantidade de bens exportados, de 30% sobre 1998. "Tivemos um recorde histórico em quantidade de exportaçoes no Brasil", lembrou.

A recuperaçao da economia nao deve levar a um grande aumento das importaçoes, na avaliaçao de Amadeo. Ele espera que o aumento da compra de produtos externos fique entre 4% e 5%, acompanhando a evoluçao do PIB. Este percentual pode ser até menor, acrescentou. "Com o crescimento sustentado, há uma decisao de investimentos que levam à substituiçao de importaçoes", justificou o secretário.

Social - Além do desenvolvimento econômico, a mudança da política social do governo também é necessária para a reduçao da pobreza no país, defendeu o secretário. Os programas sociais atendem mais aos "nao-pobres" do que aos pobres, avaliou o secretário que responsabilizou governos passados por esta deficiência. "Sao anos de uma herança regressiva", lembrou.

"A mudança da política social exigirá sacrifício dos 'nao-pobres', mas é um ponto importante da política do governo" afirmou. Ele defendeu, a longo prazo, investimentos em educaçao e no curto prazo, gastos governamentais para reduçao da pobreza.




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