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Enterrada em Porto Alegre a viúva de Erico Verissimo
Estadão Conteúdo
06/11/2003 | 18:45
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O corpo de Mafalda Halfen Volpe Verissimo, viúva do escritor Erico Verissimo, foi enterrado nesta quinta, ao meio-dia, em Porto Alegre. Ela morreu aos 90 anos, às 20h56 de quarta, no Hospital Moinhos de Vento, de falência múltipla dos órgãos devido a infecção respiratória, causada por um edema pulmonar. Ela estava hospitalizada havia 20 dias e morreu um dia depois da morte da escritora Rachel de Queiroz e em meio às atividades da 49ª edição da Feira do Livro, um dos maiores eventos culturais de Porto Alegre.

Mafalda nasceu em Pelotas no dia 18 de junho de 1913. Casou com Erico Verissimo em julho de 1931, quando passaram a morar em Porto Alegre. “Aquele período foi difícil, pois o dinheiro era contado”, recorda a amiga da infância e adolescência em Cruz Alta, Ethel Westphalen Scarpelini, de 85 anos. O casal teve dois filhos, Clarissa e o escritor e cronista Luis Fernando. Os netos eram Pedro, Michael e Paul, filhos de Clarissa e do físico norte-americano David Jaffet, e Fernanda, Mariana e Pedro, filhos de Luis Fernando e Lúcia Helena. Tinha um bisneto, Ethan, filho de Paul.

O enterro foi acompanhado, além dos familiares, por amigos que revelaram a grande alegria que Mafalda tinha em viver mesmo após ficar viúva, em novembro de 1975. Logo após a morte de Erico, ela recolheu-se ao luto e encerrou-se em seu quarto por um ano, relembrou a escritora Lya Luft: “A vida dela era o Erico. A Mafalda era uma amiga paciente e doce, mas sempre alegre. O Luis Fernando tem esse humor embutido, como o pai dele. Já ela tinha um humor do cotidiano, tão inteligente, coisa rara nos dias de hoje”.

O carisma de Mafalda era muito grande. Tanto que, mesmo depois da morte de Erico, ela vivia com a casa, no bairro Petrópolis, cheia de amigos. Na festa de seus 80 anos, em 1993, o ator Paulo Autran, que veio especialmente do Rio de Janeiro para a festa, escreveu: “Ela não era aquela figura anódina, aquela dona de casa, doméstica, que diz amém a tudo o que o marido importante diz ou faz. Era uma personalidade com opinião própria, culta, simpática e que sabia das coisas”.

Em 1982, Mafalda começou a organizar o acervo literário do marido, uma imensa quantidade papéis e objetos de valor histórico e sentimental guardados no porão da casa. Com a ajuda da amiga Maria da Glória, foram catalogados mais de 10 mil itens. A maior parte do material está exposta ao público no Centro Cultural Erico Verissimo, inaugurado no final do ano passado, no centro de Porto Alegre.




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