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Importação sobe 34% e exportação apenas 16%
Fernando Bortolin
Do Diário do Grande ABC
20/11/2006 | 21:26
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As importações continuam a crescer a olhos vistos neste final de ano, o que corrobora a tese de que as empresas brasileiras estão invertendo a rota das exportações e priorizando as compras externas. Dois fatores pesam no contexto. O primeiro está diretamente associado ao problema da taxa de câmbio, onde o real apresenta valorização de 8,07% em relação ao dólar.

Esse fator pesa na estratégia das empresas uma vez que os preços dos produtos brasileiros no exterior ficam mais caros que os dos competidores diretos, a chamada perda de competitividade.

Um exemplo básico para que essa equação seja entendida é comparar a valorização do real de 8,07% ante a moeda norte-americana em relação ao comportamento da libra esterlina, a moeda usada pelas empresas da Inglaterra. Lá, a moeda sofreu desvalorização de 9,41% no mesmo período. Isso representa que os produtos feitos na Inglaterra estão 9,41% mais baratos, enquanto os produtos brasileiros estão 8,07% mais caros. Para o consumidor estrangeiro, é melhor comprar os itens de consumo ingleses que os nacionais.

Na mesma base de comparação, o euro, a moeda dos países que fazem parte da Zona do Euro (Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Irlanda, Andorra, Mônaco, San Marino, Vaticano, Grécia e Eslovênia) ganhou competitividade de 7,83% em relação ao dólar, o padrão monetário dos Estados Unidos neste ano.

O segundo motivo que explica a atual força das importações direcionadas ao Brasil é o Natal. Nesta época do ano há forte ingresso de produtos estrangeiros, que no caso dos chineses, por exemplo, registram forte demanda de brinquedos, óculos, sapatos, artigos de vestuário e têxteis em geral.

Futuro – A balança comercial (exportações sobre importações) é um item importante para as contas do governo, pois a diferença entre vendas e compras internacionais implica em sobra de divisas (superávit comercial), que são usadas para o pagamento das dívidas do Estado, como a dívida interna e externa. As sobras (superávit) são guardadas junto ao Tesouro Nacional e formam as reservas internacionais do país, hoje na casa US$ 82 bilhões.

A meta de superávit comercial definida pelo governo Lula para este ano é de US$ 43 bilhões, sendo que entre janeiro e 19 de novembro esse resultado já chega aos US$ 39,9 bilhões. Para os analistas de mercado ouvidos pela Gerin (Gerência de Relacionamento com Investidores do Banco Central), é possível que o Brasil alcance um resultado superavitário de US$ 45 bilhões neste ano.

Novembro – Os dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – relativos ao desempenho da balança comercial até a terceira semana do mês – apontam exportações de US$ 6,9 bilhões e US$ 4,9 bilhões em importações. As vendas externas apresentam alta de 16,8% em relação a novembro do ano passado e entre janeiro até a terceira semana de novembro, expansão de 16,2%, para US$ 120,3 bilhões. Do lado das importações, o crescimento neste mês é de 33,8% e de 24,8% no ano, para US$ 80,4 bilhões.

Diante da valorização do real ante a moeda norte-americana e da decisão da maior parte das empresas brasileiras em buscar o mercado interno em 2007 – em detrimento das operações de exportação – os analistas de mercado apostam que o superávit comercial do próximo ano (exportações menos importações), caia para US$ 37,4 bilhões.

Esse número representa que boa parte das linhas de produção direcionada para produtos de exportação deixará de ter o pleno empenho que tiveram nos últimos oito anos e a expectativa é que o mercado interno – os consumidores brasileiros – dê vazão aos produtos que antes seriam canalizados ao exterior, ou seja, que o brasileiro compre mais e consuma esses produtos. Só assim o governo conseguirá manter o chão de fábrica ativo, com ganhos de produção e aumento do nível de emprego. Caso contrário haverá problemas nesse setor antes do primeiro semestre do próximo ano.




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