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Financiar 13º é opção para pequenas
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
21/09/2010 | 07:17
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Diversos bancos estão com linhas de crédito abertas para as pequenas empresas pagarem o 13º salário dos funcionários no fim do ano. Essa modalidade de financiamento pode ser uma alternativa interessante para empresários que não conseguiram guardar dinheiro (ou não se programaram para isso) a fim de arcarem com essas tradicionais despesas do período.

Levantamento feito pelo Diário com algumas grandes instituições financeiras apontou juros abaixo ou em torno de 2% ao mês.

Com linha de até 13 meses para pagamento, o Banco do Brasil, por exemplo, cobra TR (Taxa Referencial) - neste mês está em 0,07% - mais 1,89%, para companhias que processam a folha de pagamento no banco e já tiverem utilizado o crédito em 2009. No entanto, se os clientes fizerem contrato de vinculação ao FGO (Fundo de Garantia de Operações), mecanismo que complementa garantias, a taxa cai para TR mais 1,39%.

A Caixa Econômica Federal também tem linha desse tipo, para pagamento em até 330 dias, a 2,11% ao mês, juros que incidem na liquidação do empréstimo. O Bradesco, por sua vez, oferece produto com prazo de até 16 meses e juros a partir de 1,60%.

Essa também é a menor taxa da modalidade (chamada SuperGiro Premium, de capital de giro) do Santander, que vai até a máxima de 2,63%. E o HSBC conta com crédito (capital de giro) com esse foco, para até 36 meses de pagamento, mas não informou os juros que pratica nessa modalidade.

PROVISIONAMENTO
O diretor titular do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santo André, Shotoku Yamamoto, avalia que taxas de 1,60% ao mês são razoáveis, mas o ideal seria que o empresário não precisasse recorrer a esse empréstimo. "Deveria haver um provisionamento (reserva de recursos) de caixa ao longo do ano", afirma.

Para o analista do escritório do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) no Grande ABC, José Roberto Rodriguez Silva, pode-se recorrer a créditos como esses, que não ultrapassam juros de 3% ao mês, mas ele lembra que isso corresponde a mais de 50% ao ano e, por isso, é importante verificar se a companhia terá rentabilidade para arcar com o pagamento do financiamento.

O interesse do setor bancário em financiar o 13º salário das empresas se explica exatamente pela dificuldade que as micro e pequenas têm de cobrir essas despesas de fim de ano, segundo Silva. Ao mesmo tempo em que têm de fazer esses gastos, no segundo semestre, a indústria amplia produção para abastecer o varejo e esse segmento amplia a compra de mercadorias das fábricas para atender os consumidores, principalmente no Natal.

"Considerando o fluxo de caixa, há necessidade de comprar estoques. Os produtos serão vendidos principalmente em dezembro, mas, como boa parte das vendas é a prazo, a empresa recebe efetivamente a partir de janeiro", cita o professor Eric Kutchukian, da ESAGS (Escola Superior de Administração e Gestão), de Santo André.

Kutchukian afirma ainda que, como para a obtenção de qualquer outro empréstimo, a empresa deve comparar as condições, observando não apenas os juros e prazos, mas também aspectos como a distribuição das parcelas, tarifa de abertura de crédito, garantias exigidas, índice de correção monetária, multas e juros sobre atrasos.

  

Empréstimo dá fôlego financeiro em período de acúmulo de gastos

O mercado das micro e pequenas empresas desperta cada vez mais a atenção do setor bancário e as linhas de financiamento ao 13º salário são oferecidas como instrumento de apoio para sustentação dos empreendimentos em um período do ano em que os empresários precisam de fôlego financeiro.

Segundo o gerente executivo de micro e pequenas do BB, Sérgio Rau, o crédito é importante nesse momento em que a demanda maior de recursos coincide com custos duplicados da folha de pagamentos. O banco espera neste ano superar em 15% o volume de R$ 695 milhões da temporada 2009/2010, que atendeu cerca de 22 mil empreendimentos.

O financiamento do 13º é também uma das ações do HSBC Empresas que, neste ano, ampliou em mais de R$ 3 bilhões as linhas de crédito para companhias de menor porte, superando, pela primeira vez, a marca de R$ 10 bilhões em limites de crédito à disposição para pequenas e médias empresas. (Leone Faria)




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