Aos que gostam de subir a serra no inverno mas não dispõem de tempo, dinheiro ou disposição para encarar longas horas de viagem rumo a elevadas altitudes, não há dica melhor de passeio do que a vila andreense de Paranapiacaba, sempre cercada pela eterna neblina que insiste em tomar conta das ruas ao cair da noite. Principalmente entre os dias 10 e 25 deste mês, quando será realizada a quarta edição do Festival de Inverno de Paranapiacaba, o mais importante evento no calendário da vila. A expectativa da subprefeitura de Paranapiacaba é de que 80 mil pessoas visitem a antiga vila ferroviária durante o período do festival, que contará com apresentações das orquestras Sinfônica de Santo André e Filarmônica de São Bernardo, grupos de dança, maracatu, capoeira, jazz e música eletrônica, além de uma programação exclusiva de corais na igreja de Nosso Senhor do Bom Jesus, erguida no século XIX ao lado do cemitério, de 1863. Paralelamente, serão promovidos eventos gastronômicos e, de 20 a 24, o 8º Congresso de História do Grande ABC.

Entre um espetáculo e outro, fazer um passeio pela cidade durante o dia pode reservar boas surpresas aos amantes dos turismos ecológico, histórico e de aventura. A começar pelo conjunto de 350 casas em estilo inglês, construídas no fim do século XIX para abrigar funcionários da São Paulo Railway Company. Detalhes sobre a história da vila também podem ser conferidos no Museu Casa da Máquina e no Centro de Memória da Casa Fox.

Já aos que preferem aventuras ecológicas, a vila oferece trilhas em meio à Mata Atlântica e o Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba, onde monitores guiam os visitantes com segurança. Até o final do ano, também deverá ser concluída a restauração do Castelinho, financiada pelo World Monuments Fund com verba da American Express.

Os investimentos em turismo, aliás, são um capítulo à parte. Para provar que santo de casa também tem seus méritos, investidores públicos e privados têm operado verdadeiros milagres na vila ferroviária. Nos últimos dois anos, foram aplicados cerca de R$ 7,5 milhões na criação de infra-estrutura turística e na preservação de suas construções, tombadas como Patrimônio Histórico e Natural pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) e pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

E os primeiros frutos com o fomento ao turismo já começam a ser colhidos: no ano passado, a vila praticamente duplicou a quantidade de visitantes, atingindo a marca de 103 mil turistas – 47 mil a mais do que em 2002.

Para garantir acomodação ao crescente número de visitantes, foi inaugurado, no início de junho, um spa holístico com pousada e restaurante. Outra recente alternativa é o sistema Bed anda Breakfast (cama e café), por meio do qual os visitantes podem passar a noite em casas de moradores da vila e tomar café da manhã antes de partir. Ao todo, Paranapiacaba conta com 14 estabelecimentos de hospedagem, somando 116 leitos.