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Cúpula Sul se reunirá na próxima semana em Havana
Do Diário do Grande ABC
07/04/2000 | 12:22
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Cuba tentará, na próxima semana, conseguir uma posiçao comum do Terceiro Mundo para exigir das naçoes industrializadas uma mudança de rumo do neoliberalismo que feche o rombo entre ricos e pobres, na Cúpula Sul, que se realizará entre os dias 10 e 14 próximos em Havana.

Havana vê neste encontro uma oportunidade para que as naçoes pobres deixem de lado suas divergências e se unam diante dos países mais poderosos do mundo, que, por sua vez, também terao uma reuniao de cúpula na ilha japonesa de Okinawa.

No conclave de Havana, para o qual sao esperados mandatários de mais de 50 países dos 133 membros do Grupo dos 77 (G-77), serao debatidas a globalizaçao da economia, as relaçoes entre o Norte rico e o Sul pobre, assim como as relaçoes Sul-Sul, a ciência e a tecnologia.

``O século XX finaliza com o triste balanço de aprofundamento do rombo que divide as naçoes desenvolvidas das que nao atingiram o desenvolvimento', assegurou Cuba em um anteprojeto de declaraçao final da Cúpula Sul, que circulou em fevereiro passado entre diplomatas.

As relaçoes entre o Norte e o Sul ``sao marcadas em um contexto de crescente instabilidade que deu lugar ao surgimento de tensoes e conflitos econômicos e políticos de novo tipo, cujas dimensoes em alguns casos constituem sérias ameaças à paz e à segurança mundiais', adverte a posiçao cubana expressada em fevereiro.

O encontro em Havana se efetuará antes da reuniao de cúpula do Grupo dos 8 (os sete países mais poderosos do mundo e a Rússia), que se realizará de 21 a 23 de julho na ilha de Okinawa, na presença dos chefes de Estado e de Governo, entre eles o presidente norte-americano, Bill Clinton.

Em Okinawa, as naçoes mais poderosas buscarao coordenar suas políticas econômicas. Enquanto em Havana, o Terceiro Mundo fixará pontos convergentes em temas como a pesada dívida externa com as naçoes ricas e a exigência de que os industrializados cumpram seus compromissos de apoiar programas de desenvolvimento dos países pobres.

Cuba pede a uniao das naçoes pobres contra ``esta ordem injusta, econômica e ambientalmente insustentável, imperfeita e irracional, que hoje tentam nos impor'.

Dos seis bilhoes de habitantes do planeta, 20% vivem nos países ricos onde se concentram 86% do PIB mundial, 82% dos mercados mundiais de exportaçao, 74% das linhas telefônicas do mundo, 93% dos usuários da Internet e 86% dos consumidores de tudo o que se produz no mundo.

Os restantes quase cinco bilhoes de habitantes do planeta consomem os 14% restantes do que se produz no mundo, de acordo com dados de autoridades cubanas.

Cuba chamou a atençao de que ``as perspectivas de ajuda continuam sendo pouco animadoras e se afastam cada vez mais dos compromissos assumidos pelos países desenvolvidos de conceder 0,7% de seu Produto Nacional Bruto (PNB) como Assistência Oficial ao Desenvolvimento'.

A reduçao dessa ajuda caiu de 0,34% para 0,22% do PNB dos países ricos entre a década de 80 e a de 90 e para este ano os principais países doadores anunciaram que nao poderao cumprir seus compromissos de assistência.

Em matéria de dívida externa, a proposta cubana estabelece o ``perdao de uma parte substancial' do débito externo com o Norte industrializado e ``a suspensao de pagamentos com anuência internacional de países que mostrem graves sinais de falta de liquidez'.

O ``perdao' deveria ser acompanhado de uma reforma integral que ``elimine as causas estruturais do endividamento', permita aos países pobres inserir-se na economia mundial, ter acesso a dinheiro fresco e uma maior abertura aos mercados financeiros internacionais.

Os países do Terceiro Mundo devem às naçoes industrializadas muitos bilhoes de dólares e dedicam ao pagamento dela 25% do que recebem por suas exportaçoes, segundo dados fornecidos recentemente pelo chanceler cubano, Felipe Pérez Roque.

Cuba aprecia a iniciativa de órgaos internacionais de aliviar a dívida dos países pobres, mas estima que tem um caráter limitado. Pede o esboço de uma estratégia global em matéria de dívida externa que ``reverta o atual procedimento utilizado pelos credores e as instituiçoes financeiras internacionais'.

Yasser Arafat O presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, viajará a Cuba para participar Cúpula Sul, em sua primeira viagem à ilha nas últimas duas décadas, informou, nesta sexta-feira, a imprensa local.

Com Arafat viajará uma numerosa delegaçao, na qual estarao o chanceler palestino e outros ministros. Só nao foi divulgada a data de chegada de Arafat à ilha, embora a reuniao, organizada pelo Grupo dos 77, comece na próxima segunda-feira com um encontro de altos funcionários.




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