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CPI quer acompanhar de perto diálogos registrados na caixa-preta
Do Diário OnLine
Com Agência Brasil
19/07/2007 | 21:59
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A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Apagão Aéreo da Câmara quer acompanhar a degravação dos diálogos registrados na caixa-preta do avião da TAM que explodiu na terça-feira após pousar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, matando pelo menos 188 pessoas. Os integrantes da Comissão se reunião extraordinariamente na manhã desta sexta-feira para votar requerimentos e discutir o acidente com o Airbus A320 da TAM.

De acordo com o vice-presidente da CPI, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no encontro deverão ser votados os requerimentos de convocação do presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, dos presidentes da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e da Infraero (estatal que administra os aeroportos), respectivamente Milton Zuanazzi e brigadeiro José Carlos Pereira, além do chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), Jorge Kersul Filho, e dos controladores de vôo que trabalhavam no momento do acidente. “A oitiva já está marcada para o dia 1° de agosto”, disse Cunha.

Outro requerimento que ele espera ver aprovado é o que autoriza a ida de dois deputados da CPI aos Estados Unidos para acompanhar a degravação dos diálogos da caixa-preta do avião. “A idéia é mandar dois parlamentares, o relator Marco Maia (PT-RS) e um deputado da oposição. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), já aprovou a iniciativa. Se for aprovado o requerimento, os parlamentares viajarão no final da semana para acompanhar e fiscalizar a degravação e pressionar para que ela seja feita o mais rapidamente possível”.

Ele acrescentou que a CPI não vai ficar omissa no seu papel de investigar o acidente e fará tudo para esclarecer esse episódio e propor soluções para o fim do caos aéreo. A ida dos deputados aos EUA, segundo Cunha, poderá contribuir para agilizar a degravação dos diálogos: “Precisamos ter a degravação para realizar a oitiva no dia 1° de
agosto e também direcionar os rumos das investigações”.

A deputada Luciana Genro (P-SOL-RS), que integra a CPI, criticou a ida dos integrantes da CPI aos Estados Unidos, ao afirmar que a viagem será inútil, desnecessária e demagógica e só vai servir para gastar dinheiro. “Os deputados não vão conseguir pressionar os técnicos para agilizar os trabalhos”, assinalou.

Luciana Genro informou que pedirá à CPI que solicite as gravações das conversas entre pilotos e operadores da torre do aeroporto de Congonhas desde domingo, quando começou a chover em São Paulo, até a hora do acidente. Ela também solicitará cópia do livro de ocorrências, onde ficam anotadas as informações que os controladores de vôo recebem dos pilotos.

Mais prazo –
A CPI do Apagão Aéreo no Senado também se reunirá nesta sexta e, assim como a da Câmara, deve ter seu prazo de conclusão estendido, pois os parlamentares querem investigar a tragédia com a aeronave da TAM.

Histórico - As CPIs foram formadas após o acidente com o Boeing da Gol, em setembro do ano passado. A tragédia, provocada a partir da colisão no ar da aeronave comercial com um jato particular Legacy, de fabricação da Embraer, matou 155 pessoas e escancarou o caos da aviação brasileira.

A partir desta catástrofe, até então a maior da história no Brasil, uma série de 'apagões' se desencadearam no espaço aéreo brasileiro. Por diversos dias, diversos vôos foram cancelados e muitos tiveram atrasos superiores a 48 horas. Também ficou evidente a precariedade do sistema de tráfego e o despreparo dos controladores de vôo.

O governo federal, representado pelas figuras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Defesa, Valdir Pires, iniciou uma série de investigações sem sucesso. Pires, no entanto, continua prestigiado no Palácio do Planalto e não teve sua 'cabeça a prêmio'. Em março, Lula chegou a pedir 'dia e hora' para a crise aérea acabar, mas sua ordem não foi seguida.

Recentemente, Marta Suplicy – nomeada ministra do Turismo a partir da necessidade de se encaixar o PT em mais uma pasta na Esplanada dos Ministérios – ironizou o caos aéreo mandando a população brasileira “relaxar e gozar”. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também seguiu a mesma linha de pensamento da ex-prefeita de São Paulo. Para ele, não existia crise aérea e os 'pequenos problemas' eram causados pelo crescimento econômico do país.

Apesar do aparente desleixo das autoridades para o problema, a crise aérea voltou a fazer vítimas. Nesta terça-feira, por volta das 19h (horário de Brasília), o vôo JJ 3054 da TAM, que fazia o trajeto Porto Alegre (RS)/São Paulo (SP), não conseguiu pousar no Aeroporto de Congonhas – o mais movimentado do país – e acabou se chocando com um prédio da própria empresa, vitimando mais de 180 pessoas.




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