Os fabricantes brasileiros de máquinas e equipamentos, por meio da Abimaq (a associação do setor), vão levar ao governo federal na próxima semana pedido emergencial de elevação do imposto de importação de maquinários, da alíquota atual de 14% para 35%.
A intenção é defender a indústria nacional, diante do crescente volume de importações, ocasionada, segundo a entidade, por fatores como o câmbio desvantajoso para o segmento (o real valorizado frente ao dólar), elevada carga tributária e os juros mais altos do mundo.
As aquisições de máquinas de outros países atingiram a marca recorde de US$ 2,25 bilhões em julho. Foi o maior valor mensal dos últimos 70 anos (desde o início desse levantamento). O dado foi divulgado ontem pela Abimaq, com base em informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Com esse resultado, o déficit da balança comercial do setor segue em crescimento neste ano. De janeiro a julho, somou US$ 8,07 bilhões, devido a exportações de US$ 4,84 bilhões - 10% maiores que as do mesmo período de 2009 -, e importações de US$ 12,91 bilhões, 19,8% mais altas que a dos sete meses iniciais do ano passado.
Para o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, o crescimento das compras de máquinas do Exterior seria bom se fosse calcado em produtos de alta tecnologia, para ampliar a competitividade das empresas nacionais. Mas não é o caso, segundo ele.
Tem havido forte entrada de produtos de baixa qualidade, que são subsidiados nos países de origem, afirma Aubert Neto. Ele se refere, por exemplo, à China, que há dez anos nem aparecia entre os principais exportadores de maquinário para o Brasil.
O dirigente cita ainda que, enquanto no País as empresas contam só com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para ter juros competitivos - 5,5% pelo PSI (Programa de Sustentação do Investimento), criado pelo banco - para a compra de máquinas, no mercado chinês há várias instituições desse tipo e a aquisição é totalmente subsidiada. No Japão, por sua vez, a taxa é de 1,75% ao ano e na Coreia, 2,5%.
QUEDA
O faturamento do setor chegou a R$ 40,6 bilhões de janeiro a julho, 15% mais que no mesmo período de 2009. No entanto, frente ao mesmo período de 2008, o desempenho do segmento ainda é 11,6% menor. Para Aubert, as fabricantes estão evitando prejuízos maiores por causa do PSI, que termina em dezembro.
Associação do setor teme onda de demissões em 2011
O presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, prevê que a indústria de máquinas enfrentará dificuldades no ano que vem, com possível onda das demissões, se nada for feito para mudar o quadro atual de perda de competitividade do segmento e de invasão de maquinários estrangeiros.
Em termos de empregos, o segmento ainda está em patamar mais alto do que em 2009. Atualmente, conta com 248 mil trabalhadores. Esse número é 7,6% maior do que o de julho do ano passado, quando as fabricantes tinham 230 mil postos de trabalho. A avaliação é que o faturamento pode retomar os níveis do ano passado, o que deve gerar cortes de vagas.
Para o dirigente, 2010 está praticamente garantido, já que há pedidos em carteira para os próximos seis meses. Isso, segundo ele, pode ser verificado pelo volume de aprovações de financiamento do BNDES - que antecedem os desembolsos do banco, que ocorrem quando as encomendas são faturadas. No entanto, o número de consultas para novos contratos vem caindo. LF
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