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De La Rúa recebe alta na Argentina
Do Diário do Grande ABC
17/11/1999 | 16:36
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O presidente eleito Fernando de la Rúa recebeu alta nesta quarta-feira da clínica onde operou o pulmao, devido a um pneumotórax que sofreu há cinco dias, e retomou seu objetivo político central: conseguir que o Congresso, controlado por seus adversários peronistas, aprove o orçamento para o próximo ano antes que assuma o governo, no dia 10 de dezembro.

Com aspecto descansado e de bom humor, De la Rúa foi saudado por um grupo de pessoas quando apareceu no pátio interno do Instituto Argentino de Diagnóstico e Tratamento, de onde cumprimentou jornalistas e simpatizantes, antes de seguir, de carro, para sua casa. "Estou muito bem, forte, plenamente recuperado e com vontade de continuar trabalhando", disse o presidente eleito, acompanhado de sua mulher, Inés Pertiné.

Os médicos lhe recomendaram restringir sua atividade e lhe proibiram voar de aviao ou helicóptero durante pelo menos um mês, assim como fazer esforços físicos, para facilitar a recuperaçao plena de seu pulmao direito, que teve problema com a entrada de ar na pleura. Nessa terça-feira, foi retirada a sonda que havia sido colocada para facilitar a drenagem do ar.

Pouco antes de deixar o hospital, De la Rúa recebeu a visita do atual senador e governador eleito da província de Santa Fé, o peronista Carlos Reutemann, ex-vice-campeao da Fórmula Um. Reutemann disse à imprensa que o tema central de sua conversa com De la Rúa foi a aprovaçao do orçamento para o próximo ano.

"É preciso encontrar um tênue equilíbrio entre as províncias e a Naçao. Nas províncias, nós temos muitas dificuldades, assim como o doutor De la Rúa pode tê-las", afirmou, expressando confiança em que o Congresso aprove o orçamento antes de 10 de dezembro.

A principal dificuldade está no fato de a Aliança, de De la Rúa, questionar o projeto orçamentário enviado ao Congresso pelo atual presidente Carlos Menem, por entender que o déficit previsto, de 4,5 bilhoes de dólares para o próximo ano, nao reflete a realidade.

José Luis Machinea, provável ministro da Economia do futuro governo, assinalou nesta quarta-feira que o déficit real poderá chegar a U$ 6,5 bilhoes e até a U$ 7 bilhoes, porque a administraçao de Menem omitiu a inclusao de gastos que o Estado deverá efetuar nos próximos meses. Machinea declarou também, à Radio del Plata, que o governo Menem fez estimativas excessivamente otimistas sobre a arrecadaçao de impostos do ano 2000, que a seu ver nao correspondem à realidade.

A fim de resolver a situaçao e de se manter dentro do limite máximo de 4,5 bilhoes de dólares de déficit, segundo uma lei votada pelo Congresso por todos os setores, Machinea propoe reduzir o orçamento enviado por Menem, o que implica diminuir os repasses que devem receber as províncias.

Mas acontece que 14 das 23 províncias argentinas sao governadas pelo partido peronista de Menem, o que obriga a uma complicada negociaçao, que começou desde que De la Rúa venceu a eleiçao presidencial de 24 de outubro.

Machinea, que presidiu o Banco Central durante o governo do ex- presidente Raúl Alfonsín (1983-1989), informou nesta quarta-feira que estao sendo estudadas diversas alternativas que dependerao da carga que as províncias aceitarao dividir com a Uniao.

A pergunta sobre se haverá aumento de impostos, Machinea respondeu que "as medidas a serem tomadas serao progressistas do ponto de vista da equivalência. Pagará mais quem tem mais e nao castigaremos os setores de menos recursos. Estou absolutamente convencido de que vamos ter êxito na reduçao da evasao fiscal".




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