Os colombianos irão às urnas no próximo domingo, com o chefe de Estado Alvaro Uribe como favorito, seguido nas pesquisas pelo candidato de esquerda Carlos Gaviria, em eleições nas quais, pela primeira vez em um século, um presidente em exercício poderá ser reeleito.

Uribe, que chegou ao poder em 2002 propondo uma política linha dura contra as guerrilhas de esquerda, e que negociou nos últimos três anos a desmobilização de 30 mil paramilitares de direita, aparece com entre 54,7% e 61% das intenções de voto.

Gaviria, atual senador e ex-presidente da Corte Constitucional, tem entre 19% e 23%. Para ganhar no primeiro turno, são necessários 50% mais um dos votos.

A guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas) pediu que os colombianos votem em qualquer candidato que não seja o presidente, afirmando que sua reeleição fará com que a violência e injustiça aumentem. Mas os rebeldes garantiram que não irão sabotar a votação.

A popularidade de Uribe, um advogado de direita de 53 anos, permaneceu quase inalterada ao longo de seu governo, apesar dos escândalos de corrupção e sobre a infiltração paramilitar e de traficantes em órgãos públicos de segurança.

Uribe atribuiu essa popularidade aos resultados de sua política de segurança, que reduziu a violência aos níveis mais baixos em 20 anos. Segundo cifras estatais, os homicídios caíram de 36 mil por ano em 2002 para 16 mil em 2005, e os seqüestros caíram de 3 mil para menos de mil anuais no mesmo período.

O presidente também citou o bom desempenho da economia, que em 2005 cresceu acima de 5% e duplicou as exportações em quatro anos, para 24 bilhões de dólares. Mas os candidatos de oposição afirmam que as conquistas de Uribe foram superestimadas, e questionam sua recusa a buscar uma saída negociada para o conflito armado que afeta a Colômbia há mais de 40 anos.

Gaviria, um advogado de 69 anos, conseguiu unir a esquerda em torno de seu nome e roubar o segundo lugar de Horacio Serpa, candidato do histórico Partido Liberal, que pela primeira vez nos últimos 50 anos não aparece como protagonista de uma eleição colombiana. As pesquisas o mostram com entre 10% e 14% das intenções de voto.

Tanto Serpa quanto Gaviria questionam a negociação de Uribe com as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), grupo de extrema direita criado nos últimos 20 anos para combater a guerrilha, e consideram excessivos os benefícios que ele concedeu aos líderes paramilitares. Também questionam a aliança estreita entre Uribe e o governo americano, e o acusam de ter perdido a soberania em assuntos como a luta contra o narcotráfico.

Outros três candidatos aspiram à Presidência, embora as pesquisas apontem que nenhum deles chegará a 2% dos votos. No total, 26,7 milhões de colombianos maiores de 18 anos estão aptos a votar. Mas as autoridades eleitorais esperam uma abstenção de cerca de 55%.