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Brasil tem papel importante na reunião do G7, mas impasse persiste
Da AFP
03/12/2005 | 20:48
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O Brasil desempenhou o papel de protagonista na reunião em Londres, na sexta-feira e no sábado, dos ministros das Finanças dos sete países mais industrializados (G7), ao apresentar uma proposta com o objetivo de avançar nas negociações comerciais, que permanecem em um impasse.

Em uma entrevista coletiva à imprensa ao término da reunião, o ministro britânico das Finanças, Gordon Brown, saudou a proposta do Brasil, que anunciou em Londres sua disposição de abrir mais a sua indústria e setor de serviços, para tentar salvar a reunião da Organização Mundial do Comércio, que começará no dia 13 de dezembro em Hong Kong.

Porém, o Brasil deixou claro que esta oferta de uma maior abertura de seus mercados deve ser seguida de avanços da União Européia (UE) e dos Estados Unidos na eliminação de suas ajudas às exportações.

"O Brasil está disposto a dar um passo adiante nas negociações de tarifas industriais e de acesso aos serviços", afirmou o ministro brasileiro da Fazenda, Antonio Palocci, convidado para a reunião do G7, formado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Canadá e Grã-Bretanha.

Mas o Brasil fará estes avanços "apenas se a UE e os Estados Unidos realizarem progressos em matéria agrícola", com a redução de seus milionários subsídios à agricultura, em "datas claramente estabelecidas", advertiu neste sábado Palocci.

A Índia, também convidada para a reunião do G7, ao lado de outras duas potências emergentes - Brasil e China-, também expôs sua disposição em direção à maior abertura comercial.

A declaração final do G7 reconheceu esta postura dos dois gigantes emergentes, assim como da China, nos esforços para desemperrar as negociações dos 147 países membros da OMC.

"Estamos agradecidos ao Brasil e à Índia", afirmou em uma entrevista coletiva à imprensa o chanceler britânico, destacando em especial a proposta brasileira, que considerou "muito importante" para ajudar a desbloquear as negociações comerciais e evitar que Hong Kong termine em um novo fiasco.

No entanto, a reunião do G7 parece mais uma vez ter terminado com simples declarações de intenções, já que todos afirmaram sua disposição em avançar nas negociações comerciais, mas na condição de os outros países melhorarem suas ofertas.

O secretário do Tesouro americano, John Snow, disse que seu país está disposto a promover avanços nas negociações, se a União Européia também fizer o mesmo.

O impasse para a obtenção de acordos se deve sobretudo aos subsídios dos países ricos a seus agricultores, cujo custo se eleva para perto de 280 bilhões de dólares ao ano, e que os países em desenvolvimento acusam de prejudicar severamente seus pequenos agricultores e exportadores.

Por sua vez, a França se mostrou decidida a continuar com sua resistência à eliminação dos subsídios a seus agricultores.

O ministro das Finanças francês Thierry Breton reiterou em Londres a posição de seu governo de que tudo deve ser negociado no bloco e que as negociações comerciais incluem também os serviços, a indústria e a propriedade intelectual.

Talvez, por esta razão o Brasil esteja tentando fazer com que as negociações comerciais sejam agora tratadas diretamente pelos chefes de Estado dos países mais industrializados e dos países emergentes.

Brown reconheceu que o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, "está discutindo" a proposta do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que lançou na sexta-feira a idéia de uma reunião conjunta dos países do G8 e dos emergentes (G20) para que as negociações da rodada de Doha avancem, antes de Hong Kong.

Lula pediu a Blair, cujo país exerce atualmente a presidência do Grupo dos Oito (G8) formado pelos principais países industrializados e a Rússia, que reúna este grupo de países "a qualquer dia, a qualquer hora", para salvar a reunião de Hong Kong.

O G7 também deu destaque em suas discussões os riscos que ameaçam o crescimento econômico mundial, principalmente os enormes déficits dos Estados Unidos, assim como os altos preços do petróleo e a falta de flexibilidade da moeda chinesa, o yuan.



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