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PT realizará debates para conter fúria dos radicais
19/02/2003 | 23:34
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O comando do PT decidiu adotar outra estratégia para conter a fúria dos radicais em relação à política econômica: realizará debates com a bancada federal e filiados sobre a reforma da Previdência. A nova tática foi acertada com o Palácio do Planalto depois de muitas trapalhadas. Nos bastidores, a avaliação é de que tanto o governo como a direção do partido erraram ao tentar enquadrar publicamente os rebeldes porque a crise tomou proporções maiores do que o fato.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula petista estão convencidos de que parlamentares de alas xiitas só resolveram aparecer na plenária dos servidores federais e no ato de lançamento da campanha salarial da categoria por causa dos holofotes. Nos dois lugares, reforçaram as críticas ao governo. Na prática, porém, os radicais petistas fazem barulho no Congresso, mas pouco apitam no PT, como disse na campanha o economista Guido Mantega, hoje ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Além disso, um racha não interessa nem a eles, que têm cargos no governo, nem ao grupo moderado, com hegemonia na legenda e na equipe de Lula. Dos 92 deputados do PT, 26 são das facções de esquerda. No Senado, as tendências desse espectro ideológico emplacaram apenas dois dos 14 parlamentares da sigla.

"O PT é como uma família italiana: a gente briga, discute, xinga, mas depois fica tudo bem", compara o deputado Nelson Pellegrino (BA), líder da bancada petista na Câmara, um integrante da radical Força Socialista.

Bola de neve – O fim da contenda verborrágica, no entanto, nem sempre é tão feliz como diz Pellegrino. "Estou decepcionada com o início do governo Lula", confessa a deputada Luciana Genro (PT-RS), do Movimento por uma Esquerda Socialista e filha do ministro de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro. "Aumento de juros é como uma bola de neve: se não jogarmos água quente para derreter isso, passará uma avalanche por cima de nós", completa o deputado João Batista Araújo (PT-PA), o Babá, numa referência à política econômica adotada pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho.

Para o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), da ala moderada, os xiitas se enquadrarão sozinhos, diante do isolamento. "Na primeira votação polêmica no plenário, vamos verificar que o número de radicais não chega a dois e ficará provado que o PT, por ampla maioria, apóia as medidas do governo", provoca.

O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), admite que os radicais podem prejudicar a imagem do governo, se continuarem bombardeando as medidas adotadas na seara econômica. "Por isso, temos de fazer todos os debates nas instâncias internas e esgotar a fase do diálogo antes de falar em punição", diz. "Agora, depois que o partido tirar um posicionamento, todo mundo tem de seguir porque, senão, a sociedade pensará: em quem vou confiar no PT?"




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