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Trabalhadores ‘dão o sangue’ para receber atrasados da Trorion S/A
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
21/07/2006 | 08:36
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Em protesto contra atraso no pagamento de salários e encargos trabalhistas, empregados da Colchões Trorion S/A decidiram promover hoje uma doação coletiva de sangue. “Vamos dar a quem precisa o pouco sangue que nos resta nas veias, já que a Trorion sugou quase tudo nestes últimos anos”, justifica um empregado da companhia, em tom de revolta. A comitiva sairá de Diadema, em frente à fábrica, às 9h, rumo ao Hospital das Clínicas, em São Paulo.

O “protesto cidadão” – nome dado à iniciativa – terá o envolvimento de cerca de 120 pessoas, em greve desde a última segunda-feira. A idéia partiu do Sindicato dos Químicos do ABC (intermediário nas negociações entre empresa e funcionários), que já promoveu ações semelhantes durante outras paralisações da categoria.

No fim da tarde de quinta-feira, a direção da empresa se reuniu com o prefeito de Diadema em exercício, Joel Fonseca, para buscar uma alternativa para os pagamentos em atraso. No entanto, até o fechamento desta edição não havia informações sobre o conteúdo das negociações.

Na última segunda-feira, o prefeito prometeu aos funcionários tentar um diálogo com executivos da companhia a fim de propor saídas para o impasse. Parte dos trabalhadores da Trorion estão com salários, vales, pagamento de 13º e acréscimo de férias em atraso. Muitos empregados, temendo não receber os direitos trabalhistas, têm aceito colchões como forma de quitação, para revender os produtos no mercado informal.

A Trorion reconhece que a empresa enfrenta dificuldades financeiras e confirma atrasos nos pagamentos e recolhimentos. No entanto, nega que estimule os funcionários a aceitar colchões para revender.

Pressão – A guerra psicológica típica de períodos de negociação ganha força a cada novo dia de paralisação na Trorion. Para pressionar a direção do movimento, a companhia fez nesta semana o pagamento de parte dos salários atrasados para os trabalhadores que não aderiram à greve. A administração da empresa confirma que já começou a depositar parte dos salários em atraso, mas não revelou o critério de distribuição do dinheiro.

“Eles (os diretores da empresa) querem enfraquecer nossa união com ameaças de lista de corte e não pagamento dos salários. Não vamos aceitar esse tipo de chantagem. Afinal, já estamos com as contas em atraso, sem dinheiro até para comer. Ameaçar não pagar pessoas que estão nessa situação não tem muito resultado”, diz uma empregada da Trorion, que pediu para não ter o nome revelado.




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