O carioca Seu Jorge, 34 anos, não mudou o nome artístico nem de personalidade, mas prepara as malas para trocar São Paulo, onde vive há quatro meses e faz show sábado no Via Funchal (tel.: 3038-6698), por Nova York. Investindo sério na carreira internacional de ator e cantor, Monsieur Jorge acaba de lançar na França seu segundo CD-solo, o surpreendente Cru (selo Nave), e tem turnê programada pela Europa. Vendeu 15 mil cópias do disco em um mês na França, um fenômeno para quem está começando e não faz batuque decorativo.

Em breve, estréia nas telas americanas The Life Aquatic, dirigido por Wes Anderson (de Os Excêntricos Tenenbaums) e rodado na Itália. Além de ter atuado ao lado de um elenco estelar - Anjelica Huston, Willem Dafoe, Bill Murray, Jeff Goldblum -, Jorge foi responsável pela trilha sonora. Verteu para o português 13 canções de David Bowie, escolhidas pelo diretor. O CD com a trilha sai no dia 6 nos EUA, duas semanas antes da pré-estréia do filme. Bowie disse que gostou tanto que convidou Mister Jorge para shows juntos no ano que vem.

Depois do carnaval, portanto, bye bye Brasil por um tempo. "Não é coisa de sorte. É só trabalho", constata Jorge. Por conta de Cru, ele ganhou três páginas na Rolling Stone francesa, foi capa do caderno de cultura do Le Monde, que deu cotação máxima ao disco. "O último que conseguiu isso acho que foi Kurt Cobain", brinca. "É um feito bacana, para quem veio de Belfort Roxo, da favela. Só que não dá para pirar com isso, mudar a mentalidade. Sou um suburbano convicto", define-se.