O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, realizou nesta segunda-feira uma visita a acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no Pontal do Paranapanema (SP) e anunciou a liberação de R$ 200 mil para a Cooperativa dos Assentados da região (Cocamp), destinada ao processamento da produção agrícola dos assentamentos locais.

Escoltados por agentes da Polícia Federal, Rossetto e o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Marcelo Rezende, pararam primeiramente em acampamentos de sem-terras montados à beira da estrada. "Não vejo mal nenhum no MST reunir acampamentos na beira de estradas", afirmou o ministro. Ele aproveitou para reforçar aos representantes do MST que as famílias acampadas terão prioridade na reforma agrária – passando à frente até mesmo dos trabalhadores cadastrados anteriormente na relação nacional do Incra.

Para Rossetto, o empenho do governo federal em assentar as famílias acampadas não provocará uma falsa demanda pela reforma agrária, puxada pela migração de pessoas desempregadas das cidades para os acampamentos de sem-terras no campo. "Todas são famílias que buscam trabalho e condições de sobrevivência", observou, pedindo para que não haja preconceito no tratamento dos trabalhadores. "Quem está indo para os acampamentos é o cidadão que quer trabalhar."

O ministro declarou aos sem-terra que o governo federal trabalha para a liberação de 100 mil hectares destinados ao assentamento de famílias. A previsão é que as terras estejam disponíveis até setembro.

Rossetto e Rezende, acompanhados por líderes do MST na região, visitaram a Cocamp, que recebeu cerca de R$ 2,7 milhões em verbas no governo Fernando Henrique Cardoso, mas teve o fornecimento de dinheiro suspenso graças a denúncias de irregularidades. A suspeita, que continua sob investigação dos Ministérios Públicos estadual e federal, não impediu Rossetto de anunciar o financiamento. "Deixar uma estrutura dessas parada por tanto tempo é um crime", afirmou.

Ele anunciou a liberação de R$ 180 mil para a conclusão das obras, que vão compreender uma fábrica de laticínios, uma processadora de polpa de frutas e um complexo para secagem e estoque de grãos. O governo ainda liberará R$ 20 mil para assessoria técnica na Cocamp.

Aplausos - A visita de Rossetto e Rezende incluiu a participação na cerimônia que marcou os 13 anos de atuação do MST no Pontal. Diante da presença de líderes nacionais do movimento, como João Paulo Rodrigues e Gilmar Mauro, os dois foram presenteados com cestas de produtos produzidos nos assentamentos. Ao contrário de Rossetto, Rezende colocou na cabeça o boné vermelho do MST, peça que já causou muita polêmica ao ser vestido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas não foi só o boné que destacou a sintonia de Rezende com o MST. Num discurso exaltado e bastante aplaudido pelos centenas de sem-terra que compareceram à festa, o presidente do Incra aos "companheiros" do movimento que o órgão promoverá "uma luta sem trégua contra o latifúndio improdutivo e a terra grilada".