O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, desmentiu ontem a informação transmitida pelo seu vice, Frank Aguiar (PTB), de que se ausentará temporariamente do Paço para se dedicar exclusivamente à coordenação da campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República.

"Não vou me ausentar. O Frank nesta semana foi descansar depois da batalha eleitoral. E eu disse: ‘Vai e volta. Quando você voltar a gente analisa se é o caso de me ausentar uma semana para me dedicar integralmente à campanha.' Mas não vou fazer isso não", explicou o chefe do Executivo.

Marinho reforçou que na conversa com o Cãozinho dos Teclados, segunda-feira, não foi tomada nenhuma decisão, apenas discutida uma possibilidade. O petista disse não entender o motivo pelo qual o vice-prefeito anunciou ao Diário que o martelo já havia sido batido. "Não sei. Talvez tenha sido pela ansiedade (de assumir o comando da cidade), talvez pelo cansaço (da campanha eleitoral). Mas não tem problema não."

Desde que assumiu o governo de São Bernardo, em janeiro de 2009, Marinho se licenciou do cargo três vezes. Nos bastidores do Executivo circula a informação de que o prefeito descartou a hipótese de se ausentar novamente pela ideia ter sido alvo de intensas críticas pela opinião pública, que já acusava Marinho de abandonar a cidade em detrimento a interesses pessoais e partidários."

Mesmo sem se ausentar oficialmente da Prefeitura e visivelmente estafado, o petista adiantou que permanecerá empenhado na coordenação da campanha de Dilma na região. "Estou me dedicando bastante, dá para ver na minha cara de cansaço. São três dias seguidos sem almoço, cumprindo jornada tripla."

Ataque ao tucano - Cumprindo o papel de defensor de Dilma no Grande ABC, Marinho disparou contra o candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Repercutindo tema que domina o noticiário nacional (as posições dos presidenciáveis quanto ao aborto), o petista não poupou o tucano. "Dizer que Dilma defende o aborto é inverdade. E qual é a posição do Serra sobre este tema? O Serra instituiu o aborto no SUS (Sistema Único de Saúde)."

A declaração remete à legalização do aborto em casos de violência, criada quando Serra era ministro da Saúde do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB - 1995/2002).

O prefeito credita à esta "inverdade" a realização do segundo turno. "Com certeza pesou. Assim como o Caso Erenice. Mas o Caso Erenice sozinho não levaria a disputa para o segundo turno", analisou, recordando os escândalos na Casa Civil envolvendo a ex-ministra Erenice Guerra.

Marinho aposta nos debates e na propaganda eleitoral para evidenciar o posicionamento da correligionária. E critica religiosos. "Muita gente se escondeu atrás da batina e da Bíblia para assumir posição partidária. Teve padre que disse que votar na Dilma é pecado e que quem votasse nela não seria perdoado. Isso é terrorismo. A Igreja precisa voltar a fazer o papel eclesiástico, como sempre fez."