Em seu primeiro informe de governo, Putin falou durante quase 50 minutos aos representantes de ambas as câmaras do Parlamento, membros do gabinete, juízes de tribunais superiores e líderes religiosos que se reuniram no Salao de Mármore do Kremlin.

O presidente russo dedicou seu discurso à necessidade do governo central de recuperar os poderes que gradualmente foram concedidos aos líderes regionais.

``Criamos ilhas. Pequenas e separadas ilhas de poder, mas nao construímos pontes entre elas', disse. ``O centro e os territórios, as autoridades regionais e locais competem ainda uma com a outra pelo poder``, continuou.

Putin destacou que a Chechênia é um ``exemplo extremo' do fracasso governamental para assegurar sua autoridade nas regioes. As tropas russas lutam contra os rebeldes na república separatista desde setembro, na segunda guerra em que Moscou se envolve em uma década. ``O território checheno se converteu em uma cabeça de ponte para a expansao do terrorismo internacional na Rússia', advertiu.

O chefe de governo descreveu um retrato alarmante da saúde da naçao e ressaltou que a populaçao tem diminuído, em média, em 750.000 habitantes por cada ano recente. Em 15 anos, a Rússia poderia perder até 22 milhoes de pessoas, uma sétima parte da populaçao.

Putin disse também que a Rússia perde seu lugar na comunidade mundial e inclusive sua independência por sua incapacidade de cobrar impostos. Exortou os membros do Parlamento a aprovar com rapidez a reforma fiscal.

``E nao se trata só de nosso orgulho nacional', disse. ``A pergunta é mais aguda e mais dramática é: seremos capazes sobreviver como naçao, como civilizaçao, se nosso bem-estar dependerá da obtençao de créditos externos e da boa vontade dos líderes da economia mundial?'

Putin delineou seis prioridades econômicas para o governo da Rússia: garantir os direitos de propriedade, eliminar o tratamento preferencial para algumas empresas, pôr fim à intervençao estatal que nao seja necessária nas empresas, reduzir a carga fiscal e simplificar o sistema alfandegário, desenvolver o sistema bancário e a infra-estrutura econômica, e concentrar a ajuda social aos mais necessitados.