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Índios ameaçam ocupar reserva indígena em protesto
Da Agência Brasil
03/09/2004 | 22:05
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Cerca de 3 mil índios pretendem ocupar, até este sábado, a região do Igarapé do Jaori, na área da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), os índios querem protestar contra a decisão judicial que coloca em risco de despejo 500 indígenas das etnias Macuxi e Wapixana, habitantes da aldeia da Mangueira.

O juiz federal de Boa Vista, Helder Girão, concedeu liminar favorável aos plantadores de arroz da região para a reintegração de posse das terras onde vivem os índios da aldeia. De acordo com o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, a fundação entrou com pedido na 1ª Vara do Tribunal Federal da Justiça, em Brasília, para que a decisão seja reconsiderada. “A terra já está demarcada. A decisão do juiz é como se dissesse aos índios: saiam de suas terras. Sob todos os pontos de vista, a terra é dos índios”, disse Gomes. O julgamento do recurso só deve sair na segunda-feira.

Para o presidente da Funai, o clima de tensão foi causado em função do pedido dos fazendeiros para que os índios se retirem de suas terras. “Os índios têm toda a razão em estarem tensos e aborrecidos e dizem que não vão sair da terra que é deles. Estou aguardando que haja uma decisão favorável a permanência dos índios na sua terra. Vou interromper minhas férias para tratar do assunto na segunda-feira”, ressaltou Mércio Gomes.

O coordenador do Conselho Indígena de Roraima, Jacir de Souza, que está na região, informou que o clima é preocupante na região da aldeia da Mangueira, porque os índios prometem morrer para defender o direito de ficar na região do igarapé do Joari. “São mais de três mil índios. Eles dizem que se a lei do branco é para matar, então que tragam os caixões porque somos feitos da terra e estamos presos a ela”, disse Jacir de Souza.

O presidente da Funai, Mércio Gomes, explicou que o clima de tensão em Roraima não se deve a decisão do Supremo Tribunal Federal que acatou a liminar em relação à ação civil pública sobre a demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol, feita pelo ministro da Justiça em 1998. A decisão impede que a reserva seja demarcada em área contínua, o que levaria à retirada da população branca da região onde ficam os arrozais.

“Essa ação civil pública ainda vai ser julgada. O que o Supremo fez foi acatar que a liminar tem validade. Ela não está sendo julgada. Se o juiz federal julgar favorável aos índios é uma coisa. Se julgar desfavorável aos índios é uma outra. Se isso acontecer vamos entrar no processo de novo no STF”, afirmou o presidente da Funai, Mércio Gomes.




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