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Comerciante de SP ganha asilo nos EUA
Do Diário do Grande ABC
20/08/2000 | 22:44
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O comerciante brasileiro Saleh Hage, de 36 anos, ganhou asilo político nos Estados Unidos ao desembarcar no aeroporto de Newark dia 4, dizendo-se vítima da violência de Sao Paulo. Só este ano ele testemunhou seis assaltos a comerciantes vizinhos de seu lava-carros em Arthur Alvim, na Zona Leste e acabou ameaçado de morte pelos assaltantes.

Segundo Chris Shanatta, supervisor do Serviço Nacional de Imigraçao (INS), "o caso dele é único, parecia sincero ao revelar seu medo de continuar no Brasil".

Ao desembarcar, Hage e o filho Rafa, de 7 anos, foram detidos por agentes do INS para um interrogatório padrao. Mas o brasileiro, que viajava com visto de turista, surprendeu os agentes ao declarar que estava "em busca de trabalho e escola para o filho". Segundo Shanatta, "tal confissao daria justa causa para deportaçao imediata" (com base na nova Lei de Imigraçao, o INS pode deportar do aeroporto todo estrangeiro em situaçao irregular, como é o caso de turista buscando emprego). "Entretanto, nos quatro dias seguintes ele nos contou histórias que nos fizeram recuar da decisao de repatriá-lo", disse o supervisor do INS. O brasileiro foi entregue à custódia de Francisco Sampa, presidente da BAUA, uma associaçao de imigrantes brasileiros de Newark, no estado de New Jersey. A entidade ofereceu abrigo e conseguiu emprego para Hage.

Domingo à tarde, Hage já estava em seu novo emprego, como lavador de pratos num restaurante na periferia de Nova York. "Eu nao tinha outra alternativa. Tenho certeza que se tivesse continuado em Sao Paulo, meu dia de ser morto chegaria".

Hage era dono de um lava-carros na Avenida Paraguaçu, em Arthur Alvim. "Meu vizinho era o 'Bar do César'. Em janeiro, uns bandidos entraram atirando. Meses depois, assaltaram o lugar outra vez. Um posto de gasolina na nossa esquina sofreu três ataques num mês. Como eu fui testemunha na polícia, passei a receber a visita de um sujeito da quadrilha, que me ameaçou de morte. A polícia nao podia fazer nada".

Hage, que é filho de imigrantes libaneses, já tinha uma experiência dramática na família. "Meu irmao, Abdala, foi morto num assalto em 1996, em Santo Amaro. Uns bandidos o mataram para roubar-lhe uma camionete".

Cansado da insegurança, ele decidiu entao sair do país, levando consigo o filho (ele é divorciado, a ex-mulher vive no Líbano). "Conseguimos visto de turistas e bye bye Sao Paulo", disse Hage.




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