Entre a flotilha à Faixa de Gaza do ano passado e a que deve navegar em breve ao território palestino, um dos principais eixos estratégicos do Oriente Médio parece ter dado uma guinada. Turquia e Israel, após viverem a pior fase em suas relações bilaterais, emitem sinais de aproximação - um reflexo indireto das transformações na região.

O aprofundamento da crise na Síria, a incógnita sobre o futuro da liderança egípcia no mundo islâmico, a pressão dos EUA e interesses comuns começaram a reverter o processo de distanciamento entre os antigos aliados.

"Talvez não tenhamos uma completa normalização das relações agora, mas é fato que as coisas entre nós e os turcos melhoraram muito nos últimos meses", diz uma fonte do alto escalão do governo israelense. O discurso ecoa na Turquia. "Os dois lados devem ser elogiados pela moderação e os recentes passos para virar a página. É uma oportunidade histórica que não pode ser perdida", escreveu Yavuz Baydar, colunista do jornal turco Zaman.

A desastrosa operação israelense contra o navio turco Mavi Marmara, que deixou nove ativistas mortos, foi o fundo do poço da aliança Turquia-Israel. Ancara retirou seu embaixador de Tel-Aviv, enquanto Israel passou a acusar o governo de Recep Tayyip Erdogan de tentar retomar o imperialismo otomano.

Uma sequência de eventos, porém, vem demonstrando que os países deixaram a rota de colisão. No mais recente capítulo das relações bilaterais, Turquia e Israel discutem como moderar o tom de um relatório da ONU sobre a flotilha de 2010. O documento acusa Israel de uso desproporcional da força, mas diz que os militares israelenses tinham direito de embarcar no Marvi Marmara e critica o apoio da Turquia ao grupo responsável pelo navio, o IHH. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.