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Brasil volta ao mercado internacional de carne bovina
Do Diário do Grande ABC
22/05/2000 | 16:28
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A Organizaçao Internacional de Epizootias (OIE) antecipou em dois dias sua decisao oficial de anunciar o avanço da erradicaçao da febre aftosa no Brasil, ao abrir espaço para o ministro da Agricultura brasileiro, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, proferisse um discurso de 15 minutos na abertura da assembléia anual da entidade, nesta segunda-feira em Paris.

Ele fez entao um balanço sob controle total da doença no rebanho bovino dos Estados de Sao Paulo, Mato Grosso, Goiás, Paraná e oeste de Minas Gerais e no Distrito Federal. Pratini disse que a conquista do certificado de erradicaçao da aftosa por essa extensa área do país "foi uma vitória da parceria entre os governos federal e estaduais e a iniciativa privada.

Mas salientou que uma outra luta começa agora: "Temos de desenvolver nosso marketing para essa carne bovina de alta qualidade para um número maior de países e tornar o Brasil o maior exportador de carnes bovina, suína e de frango do mundo dentro de quatro ou cinco anos".

A OIE, que havia programado para quarta-feira uma reuniao para apresentar o balanço mundial sobre a aftosa, deixou claro que nao pretende manter mistério, como definiu o presidente da entidade, o canadense Norman Willis: "O Brasil merece os cumprimentos de todos, por ter realizado perfeito de trabalho de vacinaçao nos últimos anos'.

Pratini falou para um público de quase 800 pessoas, representantes dos 155 países membros da OIE, no Palais des Congrès, em Porte Maillot, centro econômico da capital francesa, onde o português se tornou hoje um dos idiomas oficiais, dando o tom da festa de políticos e empresários do Brasil.

A delegaçao brasileira foi reforçada com a presença dos governadores de dois Estados do Centro-Oeste que têm na pecuária grande parte da sustentaçao de sua economia: Marcondes Perillo, de Goiás, Dante de Oliveira, de Mato Grosso.

O representante do Estado de Sao Paulo nas reunioes de Paris é o secretário da Agricultura, Joao Carlos de Souza Meirelles, que, com base em sua antiga experiência em negociaçoes para exportaçao de carne bovina, reforça o caminho desejado pelo ministro Pratini. "Chegou mesmo a hora de a gente ampliar de uma vez a venda de carne brasileira, de altíssima qualidade, agora livre de barreiras sanitárias, e o governador Mário Covas está criando uma pioneira Agência de Comércio Exterior de Agronegócios, para unir empresários e governos numa estratégia de conquista dos mercados para carne bovina nos Estados Unidos, América Latina, Europa e Asia", afirmou.

Meirelles endossa a visao otimista do ministro quanto ao futuro da pecuária brasileira, lembrando que Sao Paulo, Goiás, Mato Grosso, Paraná, oeste de Minas e Distrito Federal somam-se agora ao Rio Grande do Sul e a Santa Catarina, Estados que foram declarados livres da aftosa já em 1998.

"Mato Grosso do Sul tem tudo para conquistar o certificado internacional em 2001, assim como Tocantins, Rondônia, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e a o leste de Minas, enquanto alguns Estados do Nordeste e do Norte ficam estimulados para completar com sucesso suas campanhas de vacinaçao e banir a aftosa de nosso país até 2004 ou 2005."

Cada dose de vacina contra aftosa custa cerca de R$ 0,65 aos pecuaristas, que devem imunizar seu gado duas vezes por ano. Esse investimento valeu a pena, segundo o coordenador do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederaçao Nacional da Agricultura (CNA), Antenor Nogueira. "Os governos federal e estaduais têm agido com eficiência na luta contra a aftosa, mas também deve ser lembrada a evoluçao da mentalidade dos empresários rurais brasileiros, que, mesmo pressionados por tantos problemas, cuidaram da tecnologia, garantindo qualidade da pecuária, melhor carne, novos empregos e um aumento das divisas para o Brasil."

O Ministério da Agricultura, a CNA e a Secretaria da Agricultura paulista apresentam números sólidos: o Brasil exportou 550 mil toneladas de carne bovina em 1999, somando negócios de US$ 820 milhoes, o que significa um crescimento de mais de 12% em relaçao ao ano anterior, e poderá fechar 2000 com a venda de 650 mil toneladas, num volume de US$ 1 bilhao.

"Com o certificado conseguido agora em Paris, será possível alcançar essas cifras neste ano e ir evoluindo nos próximos anos, até o Brasil atingir a condiçao de maior exportador do mundo, somando-se bovinos, suínos e frangos", proclama Pratini.

De acordo com o Ministério da Agricultura, com a área brasileira declarada livre de aftosa com vacinaçao - Sao Paulo, Goiás, Mato Grosso, Paraná, oeste de Minas e o Distrito Federal - descontadas as zonas-tampao (nas divisas com Estados ainda sob risco da doença) e somados Rio Grande do Sul e Santa Catarina -, o Brasil passa a dispor de 85 milhoes de cabeças de gado liberado para consumo externo e exportaçao, pouco mais da metade do rebanho nacional, que chega a 157 milhoes de cabeças.

As reunioes da OIE prosseguem nesta terça e terminam sexta-feira na sede da entidade, em Paris.




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