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Governo tibetano no exílio pede diálogo entre China e Dalai Lama
Da AFP
22/03/2008 | 12:42
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As conversações entre o líder espiritual tibetano Dalai Lama e a China são mais cruciais do que nunca, declarou neste sábado o governo tibetano no exílio.

Essas declarações acontecem depois que o Diário do Povo, órgão porta-voz do Partido Comunista chinês, assinalou que a oposição no Tibete deve ser arrasada, ao mesmo tempo em que ignorava os pedidos do mundo para que ambas as partes negociem.

"As negociações são mais necessárias do que nunca", declarou o porta-voz do governo, Thubten Samphel. "A China sempre aplicou sua linha dura e soluções militares aos problemas do Tibete, medidas que nunca funcionaram", acrescentou o porta-voz.

"A China deve reprimir firmemente a conspiração que visa a sabotar e arrasar as 'forças tibetanas separatistas'", indicou.

O governo chinês parece decidido mesmo a ignorar completamente os pedidos de diálogo com o Dalai Lama, uma semana depois dos violentos distúrbios em Lhasa, e deixou bem claro neste sábado sua determinação de abafar o movimento.

Depois de revisar em alta, na véspera, o número de vítimas dos enfrentamentos em Lhasa, que passaram de 13 para 19 mortos, a China confirmou que não aliviará a pressão sobre o Tibete. O governo tibetano no exílio afirma que pelo menos 99 pessoas morreram nos distúrbios.

Segundo a Nova China, o relatório revela ainda que 241 policiais ficaram feridos, 23 em estado grave, além de 382 civis, 58 gravemente. Os ativistas "incendiaram sete escolas, cinco hospitais, 120 residências e 84 veículos; e saquearam 908 lojas".

O governo chinês aumentou a pressão sobre os manifestantes ao publicar nesta sexta-feira as fotos das 19 pessoas mais procuradas pelos distúrbios, os piores já vividos pelo Tibete nos últimos 20 anos.

Grupos de defesa dos direitos humanos temem que as autoridades chinesas façam prisões em massa e até torturem os detidos. A imprensa estrangeira não tem o acesso liberado às notícias, enquanto os chineses insistem em um suposto restabelecimento da normalidade em Lhasa, a capital tibetana. Para tentar convencer a comunidade internacional divulgaram fotografias de estudantes sorridentes.

O site Chinatibet.news.com exibia na capa um artigo do Diário do Tibete, o jornal oficial do Partido Comunista regional, com um título eloqüente: "No céu do Tibete sempre brilhará o sol".

Os principais sites da China publicaram nesta sexta-feira as fotografias dos 19 manifestantes tibetanos mais procurados pela polícia depois dos distúrbios da semana passada em Lhasa, com algumas informações e um número de telefone para que os leitores possam comunicar os possíveis paradeiros.

De acordo com a agência Xinhua (Nova China), 170 pessoas estavam presas na quarta-feira à noite. Os grupos pró-tibetanos no exterior afirmam que a China prendeu mais de mil manifestantes.

"Estamos preocupados com a possibilidade de que as pessoas detidas sejam maltratadas. Há muitas provas de tortura e maus-tratos nas prisões chinesas", declarou Nicholas Bequelin, da Human Rights Watch em Hong Kong.

As autoridades chinesas acusam o Dalai Lama de ter orquestrado as manifestações para "sabotar" os Jogos Olímpicos, o que o líder espiritual dos tibetanos, exilado na Índia desde 1959, nega de modo veemente.




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