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Imigrantes ilegais temem informar governo sobre desaparecidos
Das Agências
21/09/2001 | 16:12
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A equatoriana Laura está há 10 dias percorrendo hospitais de Nova York, à procura do marido. Mas como outras centenas de imigrantes ilegais, teme ser deportada e não se atreve a ir à polícia, que já registrou mais de 6.300 desaparecidos.

"Daniel, meu marido, trabalhava em uma delicatessen na área do World Trade Center e levava sanduíches e cafés a vários escritórios das torres gêmeas. Desde o dia dos atentados, não tive mais notícias dele", contou Laura, 3 7 anos. "Não temos documentos, por isso tenho medo de ir à polícia. E se me pedirem os papéis? E se me deportarem depois?", explicou.

"Ele tinha me contado que quase todos os que trabalhavam ali perto eram ilegais como ele. A maioria era latina, mas também me disse que havia um chinês", contou Laura, que chegou na cidade há dois meses, um mês depois do marido".

De acordo com Lorena Torres, membro de uma associação de imigrantes latinos de Nova York, "existem, provavelmente, dezenas de casos, se não centenas, de parentes de desaparecidos no atentado que têm medo de ir à polícia.

O porta-voz do Serviço de Imigração americano, Dan Kane, disse que "ninguém tem que ter medo" de revelar as pessoas desaparecidas, porque sua condição de imigrante não será levada em conta".

Gabriela García, da Casa Puebla, uma organização de defesa dos imigrantes latinos em Nova York, contou para a história de um homem colombiano que telefonou para ela duas vezes, "desesperado, chorando, para contar que seu irmão trabalhava no World Trade Center e está desaparecido, mas que ele tem medo de ir à polícia fazer a denúncia devido à sua permanência ilegal no país (...) Tem tanto medo, que sequer informou seu nome, nem o do irmão, nem nos disse de onde telefonava", disse García, acrescentando que havia se oferecido para acompanhá-lo à polícia.

De acordo com Monica Santana, diretora da Coalizão de Imigrantes de Nova York, aqueles que trabalhavam no World Trade Center eram, em sua maioria, funcionários de empresas que exigem os documentos de imigração. "Nas torres gêmeas, não havia muito espaço para indocumentados", afirmou Santana, acrescentando que quase todos os que trabalhavam nos serviços de limpeza e manutenção e nos restaurantes do World Trade Center "eram sindicalizados".

A maioria dos ilegais que não constam na lista de desaparecidos é de imigrantes que trabalhavam "na periferia" do WTC, em pequenos restaurantes ou lojas ao redor das torres gêmeas. "Trabalhavam, principalmente, fazendo entregas", explicou Monica.




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