Os governadores de oposiçao acionaram o presidente do PSDB, senador Teotonio Vilela (AL), e os governadores tucanos de Sao Paulo, Mário Covas, e do Ceará, Tasso Jereissati, para garantir a realizaçao do encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso inicialmente marcado para amanha no Palácio da Alvorada. A audiência foi desmarcada pelo presidente na sexta-feira, depois que os governadores da oposiçao divulgaram a Carta de Porto Alegre.  "O presidente interpretou mal a Carta. Nao se trata de uma imposiçao, apenas apresentamos a nossa proposta de pagamento da dívida", afirmou o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa. A Carta exigia, entre outros pontos, o comprometimento máximo de 5% da receita dos Estados com o pagamento da dívida com a Uniao e a suspensao da cobrança durante o período de negociaçao.  

O ministro das Comunicaçoes, Pimenta da Veiga, disse, após se encontrar com o presidente Fernando Henrique Cardoso no Palácio da Alvorada, que telefonaria ainda ontem à noite para o governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), para discutir uma soluçao para o impasse criado pelo cancelamento da audiência. "Quanto à reuniao que estava prevista, nao haverá. Vou conversar com o governador para discutirmos um formato que seja possível", disse Pimenta, que evitou adiantar se o presidente está disposto a receber os governadores individualmente.  

O deputado federal José Aníbal (PSDB), secretário da Ciência e Tecnologia de Sao Paulo, disse ontem que Covas está disposto a mediar as negociaçoes entre a oposiçao e o presidente. Aníbal, porém, criticou a postura definida na Carta de Porto Alegre. Para o secretário, os governadores estao "jogando para a platéia".  

Os oposicionistas adotaram o discurso da defesa do diálogo desde o momento em que o presidente desmarcou a reuniao. A comissao formada por Lessa, Garotinho e pelo governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT), anunciou que irá ao Palácio da Alvorada amanha pela manha para entregar a Carta de Porto Alegre ao presidente. A intençao dos governadores com esse gesto é deixar claro que estao dispostos a negociar e nao sao intransigentes.  "Estou surpreso, nao esperava que a Carta fosse melindrar o presidente. Ele pode marcar outra data", disse Lessa.

Por causa do documento, Fernando Henrique cancelou nao só a audiência com a comissao, mas uma série de encontros com governadores aliados marcada pelo ministro das Comunicaçoes.  Lessa disse ter entrado em contato com todos os governadores do Nordeste em busca de apoio para a realizaçao do encontro. "Todos sao a favor do diálogo e apoiaram a idéia da realizaçao de um fórum que reúna os 27 governadores com o presidente", afirmou.