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Um dia para rezar
Thiago Silva
Especial para o Diário OnLine
11/05/2007 | 19:24
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Thiago SilvaUm pouco mais de 11 horas da noite, da última quinta-feira (10), eu chego ao ponto de ônibus da avenida Humberto de Alencar Castelo Branco no bairro Alves Dias, em São Bernardo. Nove colegas da Paróquia Nossa Senhora Aparecida já estavam sentados na praça, ponto que combinamos para irmos ao Campo de Marte, local da missa de canonização do Frei Galvão com a celebração do Papa Bento XVI.

Quase fui o último a chegar. Ainda faltavam dois, que apareceram uns dez minutos depois.  Esperamos até as 11h45 o ônibus da linha 314 (que liga São Bernardo a São Paulo) passar.

Sem trânsito, o coletivo foi mais rápido do que o normal. Meia noite e meia, nós estávamos desembarcando perto da Rodoviária Tietê, de onde iríamos andando até o Campo de Marte.

Próximo da uma hora da madrugada chegamos à frente dos portões. “Vai demorar pelo menos uns 40 minutos para abrir”, fala um dos policiais militares.

Thiago SilvaJames Silva Nascimento, um dos responsáveis pela Pastoral da Família da Paróquia, já estava ansioso. Para ele era uma alegria participar de uma missa celebrada pela “maior autoridade da Igreja católica”. “Vale tudo, até passar por este frio”, disse o metalúrgico da Mercedes Bens. Realmente, o frio não seria uma boa companhia durante a madrugada.

Quando os portões se abrem, todos andam rápido para conseguir um lugar privilegiado. Nós não ficamos tão próximos do altar, mas bem mais perto que muita gente que chegaria durante a madrugada.

Aconchegados, logo nos deitamos um pouco para poder descansar. Eu praticamente nem prestei atenção nos animadores da vigília que aconteceria até o amanhecer.

Porém, ocorreram alguns pequenos conflitos entre os próprios fiéis. “Se quisessem dormir, que ficassem em casa”, disse uma senhora, que queria ficar em lugar próximo ao altar. “E você que chegasse mais cedo”, retrucou a outra que foi acordada. Essas cenas se repetiram outras vezes.

Grupos, como o que eu estava, queriam descansar, e outros achavam que a gente deveria se levantar para ocupar menos espaço. Mas sinceramente, quem ia ficar em pé até as 9h30, horário da missa, principalmente com aquele frio que ninguém agüentava?

A irmã de um colega nosso não agüentou e nem quis mais saber de esperar o papa. Com frio, sono e quase brigando com as pessoas que não paravam de andar, ela simplesmente se levantou, pegou seus apetrechos e voltou para São Bernardo, às 4 horas da madrugada.

Thiago SilvaEm um dado momento, todos ficaram de pé. Seis da manhã, Padre Marcelo, ícone da Renovação Carismática Católica no Brasil, ao lado da comunidade Canção Nova, chegou para animar a última hora da vigília. Frio, cansaço, confusões, tudo ficou para trás. O público cantou e louvou com as músicas do sacerdote.

Depois da animação de padre Marcelo, a vigília terminou por volta das 7h e neste instante começou a ansiedade pela aparição do Papa Bento XVI.

Eu ainda estava com muito sono e uma vontade imensa de ir ao banheiro, como outros colegas da Paróquia. Os sanitários ficavam longe e quem quisesse ir, provavelmente não voltaria mais para o mesmo local.

Ainda consegui agüentar, mas um amigo, não. Claudino dos Santos, conhecido como Kaká, (que não veio com a gente, pois também participou do encontro no Pacaembu no dia anterior) pegou uma garrafinha e descarregou, contando com a ajuda de quatro homens, inclusive eu, que fizeram rodinha em volta dele. Ainda bem que não respingou nada em ninguém.

Depois da espera, Bento XVI entrou no Campo de Marte dentro de seu ‘papamóvel’. O nosso grupo não deu muita sorte, pois o percurso do veículo não era muito perto de onde estávamos.

Thiago SilvaNo decorrer da celebração, o frio deu lugar ao calor, que fez diversos fiéis arranjarem um jeito de sentar e quatro pessoas, que estavam próximas mim, fossem embora mais cedo depois de passarem mal.

Apesar de todos os problemas, muitos católicos estavam felizes por participar de uma missa com o chefe de sua religião. “Bento, Bento” e “Papa, nós te amamos” eram os gritos até depois do término da celebração.

Depois da benção tão esperada do Sumo Pontífice, quase meio-dia, muitos fiéis, além de felizes, também estavam cansados, como eu, com uma vontade imensa de ir para casa. Demoraria mais duas horas e meia para isso acontecer comigo.



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