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Produçao da indústria de alimentos cresce 8,1%
Do Diário do Grande ABC
14/03/2000 | 15:36
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A produçao física de alimentos em janeiro, período em que ela costuma ser baixa, cresceu 8,1% em comparaçao com o mesmo período de 1999. Com isso, a previsao de crescimento para o ano é de, no mínimo, 4,5% acima dos 3,5% , registrados em 99.

O faturamento de US$ 74,6 bilhoes deverá crescer na mesma proporçao. O marketing será contemplado com uma cifra também substanciosa: algo em torno de US$ 1,2 bilhao.

Juros baixos, maior volume de crédito injetado na economia e melhoria do poder aquisitivo sao os fatores apontados pelo economista da Associaçao Brasileira da Indústria Alimentícia (Abia), Dênis Ribeiro, como responsáveis pela continuidade do incremento da produçao física.

Desde meados de junho o setor passou a registrar bons resultados e a Abia refez para cima as contas. No início de 1999 a entidade trabalhava com a estimativa de crescer 0,1% ou cair 0,5%.

Taxas mais modestas, porém positivas, também foram registradas no acumulado dos últimos doze meses. "O período fecha com alta de 4,4% se comparado ao imediatamente anterior", afirma. O resultado só se torna negativo quando se toma como base o desempenho de janeiro deste ano sobre dezembro último.

"A queda é de 12,3%", afirma. Ressaltando que dezembro " surpreendeu a indústria com as boas vendas. É bom lembrar que dezembro sempre foi um mês de fortes vendas para a indústria e janeiro de fraco desempenho. Para se ter uma idéia, a produçao física naquele mês recuou 3,7% sobre novembro e fechou 4,3% superior a dezembro de 1998.

Indústrias - Indústrias de grande porte, como por exemplo Perdigao, confirmam os bons resultados registrados desde o princípio de janeiro.

A empresa fechou o ano com alta na produçao física de 8,8% sobre 1998 e projeta crescimento mínimo de 10% para este ano. "É um excelente resultado e sobre uma base alta", afirma Antonio Zambelli, diretor de marketing.

O primeiro bimestre surpreendeu a Perdigao. "Teremos um ano atípico", prevê. Entre janeiro e feveiro as vendas subiram 12% sobre o bimestre anterior. "É um fato inédito", comemora.

Líder no setor de carnes industrializadas a Sadia registrou aumento de 10% no volume de negócios no bimestre sobre os mesmos meses do ano passado. "O aumento do salário mínimo será mais uma injeçao no setor", diz Luiz Gonzaga Murat Junior, diretor de relaçoes com o mercado. Na sua opiniao, o ano fecha nessa faixa de alta.

Aladino Selmi, diretor superintendete do Pastífício Selmi, vice-lider na fabricaçao de massas secas, garante que em 2000 o volume físico aumenta 30% sobre o anterior e o faturamento será acrescido de 15%. "Enquanto o mercado global estima crescer 6% a Selmi deverá ficar muito acima", comenta.

Estratégias Investimentos, aquisiçoes e fusoes e lançamentos de novos produtos têm sido a estratégia da indústria alimentícia para abocanhar cada vez mais dividendos.

A intençao da Seara Alimentos S/A - do Grupo Bunge - líder na exportaçao de produtos à base de suínos e cortes congelados e 3ª no ranking, é crescer cerca de 10% acima do mercado. Para alcançar a meta a empresa está empenhada no lançamento de uma gama de novos produtos. Hoje sao comercializados lá fora cerca de 400 produtos diferentes e no Brasil 150 itens.

Novos lançamentos já estao à caminho. "Os investimentos deverao somar R$ 100 milhoes até 2002 em novas unidades, lançamentos, avanço tecnológico e ampliaçao no abate e processamento de aves e suínos", afirma Sergio Waldrich, vice-presidente.

A Sadia pretende colocar no mercado até final deste ano cerca de 50 novos produtos e os investimentos previstos totalizam R$ 127 milhoes em lançamentos, melhora do parque industrial e implementaçao de novas tecnologias.

A Perdigao soma R$ 178 milhoes de investimentos e outros R$ 20 milhoes que foram desembolsados na ampliaçao da fábrica de Lages, onde começa a produçao de pizzas. "A previsao é abocanhar 15% deste mercado no primeiro ano", afirma Zambelli. Até fins de 2000 a empresa irá lançar mais 50 novos produtos.

Emprego - Os números da Abia revelam que o setor fechou o ano com crescimento de 0,6% no nível de emprego, com a criaçao de 5 mil novos postos de trabalho. A Abia congrega 250 indústria e emprega 745 mil funcionários.

Pesquisa feita pela Federaçao das Indústrias do Estado de Sao Paulo (Fiesp) revela que indústria paulista registrou no bimestre um saldo positivo de 3.184 novos postos de trabalho sobre idêntico período do ano passado.

"As contrataçoes se devem à alta do consumo e a ampliaçao dos financiamentos para empresas", afirma Clarice Seibel, diretora do departamento de pesquisas e estudos econômicos da entidade.

Segundo ela, a maior ocupaçao, ou seja, 30% dos empregos no Estado vêm da indústria alimentícia. O segundo lugar fica por conta da indústria têxtil.

Investimentos - Quando se trata de investimento, a indústria alimentícia difere das demais. "Os investimentos têm sido constantes e sustentáveis todos anos, independente de boom", informa Antônio Joao Vialle Cordeiro, diretor sócio da Simonsen Associados, atuando há 34 anos no mercado.

Dona do terceiro lugar em fusoes e aquisiçoes e também em investimentos, o setor tem sido contemplada com quantias elevadas ao longo da década.

Pesquisa de intençao de investimentos feita pela Simonsen mostra que há dez anos foram injetados US$ 2 bilhoes na área, passando para US$ 15,3 bilhoes em 1998, ou seja, alta de 665%. No ano passado o montante somou US$ 4,7 bilhoes, que transformados em reais quase empatam. "A perspectiva para 2000 é de crescimento mínimo em torno de 15%", afirma.




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