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Alca pode não sair do papel, diz negociador brasileiro
Do Diário OnLine
21/10/2003 | 14:59
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O negociador brasileiro da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), Adhemar Bahadian, disse nesta terça-feira, em um seminário sobre o tema na Câmara, que a postura dos Estados Unidos nas negociações do bloco é contraditória. Para ele, o processo está paralisado há anos e pode nunca sair do papel porque há países com "agendas ambiciosas".

Para Bahadian, assim como os Estados Unidos têm interesses, os países do Mercosul também. Mas a crítica saiu mais áspera no final: "É contraditório que um país aponte sensibilidades em algumas áreas e impeça que outros países façam o mesmo. O processo da Alca corre sério risco de não sair da condição de projeto", afirmou.

Bahadian frisou por mais de uma vez que é normal haver desequilíbrios dentro do hemisfério, porque cada país tem uma prioridade. E, em seguida, atacou de novo os EUA, representado no evento pelo negociador Peter Allgeir. "Existe atitude inadequada de algumas partes envolvidas que combinam falta de realismo com excessivo maximalismo na busca de resultados que se mostram inalcançáveis".

"Os motivos pelos quais as negociações sobre a Alca não avançaram", continuou ele, "não foram as propostas apresentadas pelo Brasil". "Não se pode dizer que as propostas que foram feitas há menos de três meses pelo novo governo tenham sido responsáveis pela paralisação da Alca. Esse argumento é falacioso", afirmou.

Entre essas novas propostas está, por exemplo, a do Mercosul, que permitiria acordos bilaterias – cuja rejeição norte-americana foi reafirmada, nesta terça, pelo negociador da Alca que está no seminário.

O Brasil também defende o fim dos subsídios agrícolas e o antidumping. "Em Trinidad e Tobago (onde ocorreu a primeira reunião técnica da Alca) não houve fracasso, ao contrário, o que se viu foi uma avaliação franca do estado de negociação da Alca. Houve a manifestação dos Estados Unidos pela primeira vez (contra esse dois itens)", disse.

Por fim, Bahadian falou que o governo brasileiro não está fazendo campanha antiamericana. "As insinuações de que as posições do Itamaraty são ideológicas são uma página triste da imprensa brasileira", declarou, continuando que o Itamaraty está apenas cumprindo seu papel.




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