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Mercosul pode sofrer transformação
01/11/2009 | 07:59
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O setor privado está ‘cansado' do Mercosul e pede a ‘reinvenção' do projeto de integração regional. Uma alternativa que volta a ganhar força é dar um passo atrás e transformar o bloco de união aduaneira em área de livre comércio.

A mudança liberaria o Brasil para fechar, sozinho, acordos bilaterais com blocos importantes, como, por exemplo, a União Européia, cujas negociações com o Mercosul serão retomadas quarta-feira em Lisboa.

Para os empresários, o conflito com a Argentina - que paralisou caminhões na fronteira na semana passada - e a entrada da Venezuela no Mercosul - que ficou mais próxima com a aprovação pela Comissão de Relações Exteriores do Senado - deixa o bloco cada vez mais fragilizado nas negociações.

"Não podemos ficar amarrados ao protecionismo da Argentina. Sou a favor de reinventar o Mercosul como área de livre comércio", defende o diretor de comércio exterior da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Roberto Giannetti da Fonseca.

"Que união aduaneira é essa? Está permitindo desvio de comércio a favor dos chineses", diz o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Aguinaldo Silva. "Não é uma questão de desprezar o Mercosul, mas saber se efetivamente funciona."

O desvio de comércio a favor da China, provocado pelas licenças não automáticas aplicadas pela Argentina, foi a gota d'água para a paciência dos empresários. A avaliação é que o Brasil só fica com o ônus da união aduaneira, que é negociar em conjunto, mas não aproveita os benefícios.

O presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), Humberto Barbato, também apoia a transformação do Mercosul em área de livre comércio. Os celulares brasileiros estão sob ameaça de um "impostaço" tecnológico na Argentina. "Sou favorável a dar um passo atrás. A indústria brasileira é mais desenvolvida e não tem solicitado o mesmo nível de proteção dos argentinos", disse.

Um dos motivos que ajudam a explicar o desinteresse dos empresários pelo Mercosul é que o bloco perdeu importância nas exportações brasileiras, por conta das barreiras argentinas e da diversificação de clientes.

Em 1998, Argentina, Uruguai e Paraguai absorviam 17,4% das vendas externas do Brasil. No ano passado, esse percentual caiu para 11%. De janeiro a setembro, por conta do impacto da crise global, estava em apenas 9,3%.




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